Dirce Santos Maenza, dona da Irsan Galvanoplastia, conta toda a sua experiência de vida e profissional e inspira dedicação e otimismo na conquista dos objetivos
Nascida há 83 anos, não se pode dizer que Dirce Santos Maenza tem uma história incomum, pois ela é compartilhada pela maioria dos brasileiros que lutam dia a dia contra tantas incertezas deste país. Contudo, sua peculiaridade reside em como enfrentou esses desafios, tornando-se, inclusive, uma empresária da indústria da galvanoplastia, mas não sem ser também confrontada por situações que ninguém gostaria de vivenciar, pois foi em uma dessas situações terríveis que ela começou a trabalhar na Irsan, que significa ‘Irmãos Santos’. “A Irsan foi fundada em janeiro de 1970 pelos meus irmãos, Waldemar Santos e Luiz dos Santos. Infelizmente, em 1974, meu irmão Luiz veio a falecer em um acidente de trânsito. Com isso, meu irmão Waldemar ficou sozinho e muito abalado psicologicamente, então, o sangue de família falou mais forte e parei de trabalhar no ramo de transporte e fui ajudá-lo”, conta.
D. Dirce vinha do ramo de transportes e trabalhou desde muito cedo para ajudar a mãe, que “costurava para fora”. Por conta disso, na vida acadêmica sua formação é primária, mesmo tendo sido graduada pela maior escola que existe, como revela: “Fico contente que pude cursar a maior faculdade que existe, a FAVI – Faculdade da Vida, onde, até hoje, aprendo muito”.
Na indústria
Sobre momentos pontuais junto à indústria, D. Dirce é precisa: “O momento mais importante foi quando, em 1978, formamos um grupo entre os concorrentes e fomos para o Japão para conhecer algumas galvânicas. Fiquei maravilhada como eles tratavam a questão do meio ambiente, e isso modificou completamente a visão que eu tinha do segmento, me motivando a começar a conscientizar as pessoas do ramo que esse teria de ser nosso próximo passo para podermos almejar um futuro melhor”.
Tal aprendizado foi, como ela mesma mencionou, de fundamental importância para todo o segmento, e a executiva se engajou na conscientização ambiental do setor, inclusive, implantando estações para tratamento de efluentes, tendo esse ponto, em especial, como um dos principais desafios que vivenciou: “Lutamos para conscientizar os integrantes de nosso segmento e partirmos para a ação, começando a implantar estações de tratamento de efluentes líquidos. A batalha foi longa, mas com a união de todos, graças a Deus, conseguimos”.
Ter foco na conscientização ambiental é uma das grandes vitórias de sua atividade profissional e de todos o segmento; ela reforça: “Sem sombra de dúvida a maior revolução do setor foi a conscientização no trato com o meio ambiente, isso fez com que nosso setor fosse mais respeitado.”
Sobre ter sofrido algum tipo de preconceito por ser mulher, D. Dirce é enfática: “Nosso setor sempre teve uma atuação muito forte de mulheres, talvez por isso nunca tive nenhum contratempo com isso, sendo sempre muito bem recebida em qualquer ocasião”.
Em 2016, a Irsan encerrou suas atividades, mas a empresária, como não poderia deixar de ser, continua acompanhando o setor, agora como espectadora. “Estou fora do ramo faz 6 anos, mas acredito que o setor de galvanoplástica está como a grande maioria dos demais, tentado se reerguer de um período muito ruim, que foi a pandemia, e, agora, esta guerra”, referindo-se ao conflito no Leste europeu. Ademais, para ela, as revoluções ainda não acabaram. “Com toda certeza existe muita coisa a ser desenvolvida e descoberta na galvânica”, reforça. E fornece a diretriz: “Acredito que o caminho é cada vez mais o investimento em tecnologia de ponta”.
Compartilhando aprendizados
Ao falar sobre o que é ser profissional industrial no Brasil, a empresária é clara: “Com certeza, em nosso país, o industrial precisa ser uma pessoa obstinada e com objetivo focado. Não temos nenhuma ajuda ou incentivo por parte dos órgãos governamentais. Como eu sempre digo: para ser industrial neste país não adianta você matar um leão por dia, porque logo em seguida aparecem 3 tigres, 2 onças, e assim por diante!”. E reforça: “Tem que ser muito focado para enfrentar as dificuldades”. É esta a dica de D. Dirce para o profissional industrial de galvanoplastia: “Com certeza: ter muita perseverança! ”.
E foi com essa determinação que a executiva atuou na vida, sempre norteada pelos ensinamentos de alguém muito especial: “Quando crianças, éramos muito pobres e, então, quando minha mãe recebia algum dinheiro pelas costuras que fazia, ela me mandava ir até o mercadinho onde comprávamos comida (que na época chamávamos de venda) para pagar nossa conta. Ela falava que não fazia mal que ficássemos sem dinheiro, o que não podíamos era ficar sem crédito. Isso me norteou até hoje”.
Dirce Santos Maenza relembra sua trajetória com carinho e orgulho: “Hoje o que me faz orgulho é ver que, com todos os esforços que eu e minha família fizemos, conseguimos alcançar nossos objetivos de ter criado nossos filhos, e ter proporcionado a eles uma situação mais confortável do que aquela que tivemos”. Ela continua: “Sempre fui uma otimista de carteirinha e continuo sempre acreditando que o melhor está por acontecer”, dizeres que quase finalizam este texto, pois a própria empresária complementa sobre o que a aguarda: “Meu primeiro objetivo é melhorar da depressão que hoje sofro, e que se agravou em muito com a reclusão a que fomos submetidos durante a pandemia, mas, graças a Deus, estou conseguindo superar. Quando estiver melhor e mais fortalecida pretendo fazer uma viagem”. E virão suas novas histórias... Determinação para vencer mais esse desafio, ela tem de sobra.