Crédito do gráfico: Fonte Statista
Alta de preços é consequência direta da guerra entre Rússia e Ucrânia. Bolsas suspendem negociações para inibir o aumento do valor do metal e possíveis quebras de contrato
Desde terça-feira (08/03), o mercado está lidando com consequências diretas da guerra entre Rússia e Ucrânia, com a suspensão das negociações do Níquel pela Bolsa de Metais de Londres – LME. A medida ocorreu por causa da disparada dos preços do Níquel, que chegou a mais de 111%, e de outros metais, dentre os quais a Rússia é um dos grandes exportadores mundiais, como o alumínio e o petróleo. “Ao longo dos últimos dias, a LME tem monitorado de perto o impacto da evolução da situação na Rússia e na Ucrânia e, em particular, o ambiente recente de baixo estoque e alta volatilidade de preços no mercado de níquel. Durante a segunda-feira, 7 de março, foram observados movimentos ascendentes significativos de preços. No entanto, a LME considerou que a atividade comercial, até o fechamento do pregão na noite de segunda-feira, foi regular. Durante as primeiras horas de negociação na manhã de terça-feira, 8 de março, os preços do níquel subiram significativamente em um curto período de tempo. Ficou claro que os preços nas primeiras horas de negociação não refletiam o mercado físico subjacente e que o mercado de níquel havia se tornado desordenado. A LME, portanto, tomou a decisão, em consulta com a LME Clear, de suspender a negociação de todos os contratos de níquel com efeito a partir das 08:15, horário do Reino Unido”, explicou nota oficial da LME.
A LME estuda formas seguras de voltar a negociar o níquel; além de tomar medidas compensatórias. Ontem (10/03), uma nota oficial da Bolsa explicou os critérios que estão sendo utilizados para a reabertura das negociações, deixando claro que eles ainda não foram atendidos. São eles:
- procedimentos operacionais para uma reabertura segura
- análise da possibilidade de compensação de posições compradas e vendidas antes da reabertura.
“A LME continua trabalhando em procedimentos operacionais apropriados para efetuar uma reabertura segura”, relata a mesma nota. A bolsa também informa que atendidos os critérios informará o mercado da data em que ocorrerá a retomada das negociações e deixa um e-mail como canal de comunicação para os membros tirarem suas dúvidas: RM@lme.com.
Na China
Os reflexos da volatilidade, aumento de preços e suspenção das negociações impactaram diretamente na Bolsa de Futuros de Xangai; pois um grande operador, o bilionário Xiang Guangda, dona da Tsingshan, maior produtora de níquel do país, havia apostado, no mercado futuro, de que o preço do níquel cairia, e os acontecimentos recentes resultaram em perdas de centenas de milhões de dólares (de acordo com a Bloomberg, foram bilhões). Tal fato elevou ainda mais os preços na bolsa da China, fazendo com que as negociações com o Níquel fossem congeladas na quarta-feira (09/03). Com o apoio do governo chinês, o empresário garantiu a cobertura de seus contratos.
No Brasil
Em território nacional, a Vale é a empresa mais afetada pela alta de preços e suspensão das negociações. Sendo a maior produtora nacional de Níquel, em 2020, ela foi a segunda maior produtora do mundo, com 167,6 mil toneladas, ficando atrás, apenas, de uma empresa Russa. Esse número advém, principalmente de operações da Vale no Canadá e Indonésia – as informações são da empresa de investimentos SUNO.
Até o momento a empresa não se pronunciou sobre o assunto em seus canais oficiais.
Para saber mais
Nota oficial sobre a suspensão das negociações com o níquel: Baixe aqui (em inglês)
Bolsa de Metais de Londres: https://www.lme.com/