A Praxair Surface Technologies inaugurou em fevereiro a expansão de sua capacidade de aplicação de revestimentos especiais na unidade de Pinhais-PR. O investimento de US$ 800 mil abrange em uma célula de serviço para tratar peças grandes, de até 10 toneladas de peso e dimensões de 2x2x6,5 metros, na qual serão aplicadas argilas pastosas de composição alumino-cerâmica, com cromatos e fosfatos, dependendo da aplicação.
e>“Esses revestimentos foram desenvolvidos pela Sermatech International, comprada pela Praxair em julho de 2009”, explicou o gerente de vendas Nelson de Oliveira.
A adquirida operava um conjunto de tecnologias complementares ao portfólio da Praxair Surfaces Technologies (PST), esta mais ligada aos revestimentos metálicos e cerâmicos, aplicados por aspersão térmica, por arco ou plasma, fluidos em alta velocidade (HVOF) e por detonação (D-Gun e Super D-Gun).
Com seus processos tradicionais a PST consegue produzir revestimentos de alta dureza, capazes de substituir o cromo duro de vários usos, entre eles os pistões das árvores de natal molhadas, roscas de extrusoras de plásticos e palhetas de turbinas. “Vários países já baniram o uso de cromo por motivos ambientais, caso dos Estados Unidos, Japão e Europa”, afirmou. A PST de Pinhais oferece uma variedade de mais de cem tipos de carbetos metálicos para atender às necessidades dos clientes.
Oliveira comenta que o processo começa pela avaliação de cada peça a revestir e seu uso final. “Temos um laboratório metalográfico para avaliar cada peça antes do tratamento, preparamos amostras que são tratadas e analisadas para ver se o resultado é o esperado, para depois revestir a peça”, explicou.
Novidade em proteção – Embora fosse capaz de produzir revestimentos de alta dureza requeridos pela indústria aeronáutica, siderúrgica e de óleo e gás, os processos típicos da PST não se mostravam adequados para aplicação em peças de geometria complexa e grandes dimensões. “Usando as nossas técnicas típicas, ficaria muito caro revestir uma peça grande e o resultado teria rugosidade superficial indesejável”, informou.
Por sua vez, a Sermatech desenvolveu métodos de revestimento capazes de atender a essas necessidades, visando especialmente as turbinas a vapor, a gás, compressores e proteção anticorrosiva para peças diversas.
“Os revestimentos se adaptam bem às geometrias complexas e, depois de curados, resistem à abrasão e ao ataque químico”, afirmou Oliveira.Aplicação dos revestimentos foi apresentada aos clientes “Muitas turbinas a gás foram importadas e já incorporavam esse tipo de revestimento; essas peças agora poderão receber manutenção no Brasil com a mesma especificação original”, salientou Oliveira. “Há um grande campo aberto para esse tipo de serviço.” É o caso do sistema de revestimento SermeTel 5380 DP, formado por uma camada de alumina carregada com cromatos e fosfatos, selada com uma camada superior inerte de cromato-fosfato, capaz de suportar temperaturas de operação até 650°C, típicas de turbinas a gás. É especificado pela Westinghouse, Dresser Rand, Solar e EGT. O revestimento Sermalon foi desenvolvido para prevenir o ataque do cloro a úmido em compressores e turbinas a vapor, sendo formado por uma camada de alumina carregada com cromatos e fosfatos, coberta por uma camada de natureza polimérica para alta temperatura, com acabamento de PTFE para prevenir corrosão e incrustações. Apresenta alta resistência a meios ácidos e hidrocarbonetos. O SermaGard 1105/1280 tem a camada de base de alumina, com uma camada superior de fluorpolímero, oferecendo alta proteção em ambientes salinos e sob radiação UV. Pode ser aplicado a vários substratos metálicos, sendo capaz de suportar atrito e temperatura contínua até 204°C. É indicado para parafusos e peças para condições agressivas. Parafusos protegidos com o SemaGard suportam ambientes agressivos Além da divisão de revestimentos, a unidade de Pinhais abriga também a fabricação e recuperação de cilindros anilox para flexografia, capaz de suportar a gravação a laser de 1.200 células por centímetro linear. Outra divisão se dedica à recuperação de cilindros corrugadores usados pela indústria de papelão ondulado. Após a usinagem, cada cilindro recebe uma camada protetiva de carbeto de tungstênio, de alta dureza. Também está na mesma unidade, com área total de 6 mil m², a divisão de venda de equipamentos e consumíveis para metalização por arc-spray, plasma e HVOF. A PST faz parte do grupo Praxair, mais conhecido pela atuação no setor de gases atmosféricos e industriais. “Somos apenas 6% do faturamento mundial do grupo, mas temos 40 unidades e mais de dois mil funcionários em todo o mundo”, explicou Oliveira. A origem da Praxair remete à extinta Union Carbide. A PST, por exemplo, corresponde à antiga divisão Linde da velha companhia.