Com a produção de níquel-cromo remodelada e orientação técnica da MacDermid Enthone, empresa referência no setor moveleiro investe em equipamentos, novos processos e capacidade fabril para atender a demanda de outras empresas que precisam do serviço. Tratamento de Superfície já representa 50% do faturamento
Banho de cromo
Fundada há 57 anos, a Pozza Industrial S/A é uma referência em móveis de aço. Localizada no polo moveleiro do país, em Bento Gonçalves, no Rio Grande do Sul, a empresa acaba de investir na ampliação de seus processos e capacidade fabril e técnica em cromação para atender outras empresas que demandam tratamento de superfície em suas peças. O segmento já representa 50% dos negócios da empresa. “A linha de cromação da Pozza Industrial existe há mais de 40 anos. Ainda lá no passado a Pozza já vislumbrava esse mercado, que sempre teve uma ótima aceitação pela beleza e charme do produto cromado. Com o passar dos anos, e pelo crescimento e procura por produtos cromados, a empresa começou a investir mais nessa área, até abrir a sua linha para poder cromar produtos de outras empresas que necessitavam desse serviço. E hoje, esse segmento representa mais de 50% do seu faturamento”, conta o Diretor Comercial da Pozza, Vinicius Benini.
Vinicius Benini, Diretor Comercial, e Marciano da Silva, Diretor Industrial
A evolução da terceirização foi meteórica. Para sua linha de produtos, a empresa iniciou a cromação há quatro décadas, como contou o executivo, e hoje já atua em mais de 30 países. Contudo, o serviço de cromar peças de outras empresas iniciou há apenas três anos, alcançando, nesse pouquíssimo tempo, 50% do faturamento dos negócios. “Atualmente a maior procura é pela terceirização de produtos que necessitam o tratamento de superfície. Temos um volume muito interessante em peças decorativas, como utilidades domésticas, componentes agrícolas, peças para forno e demais eletros. Acreditamos que esse volume esteja sendo impulsionado porque os consumidores estão mais dentro de suas casas em função da pandemia e começam a dar mais valor para itens que antes não tinham tanto uso”, explica.
Não à toa, investiram na fábrica para ampliar o processo de cromação e dar vazão à demanda do segmento de prestação de serviços.
O diretor industrial, Marciano da Silva, detalha quais foram as principais modificações fabris e de processos implementados na empresa: “Foram redefinidos os sequenciamentos químicos de todo o processo de pré-tratamento, adicionado na linha de acabamento mais uma posição de banho de níquel, para um total de quatro posições, e aumentados os banhos de lavagem em todo o processo para garantir a diminuição do arraste de contaminantes nos banhos subsequentes. O grande diferencial foi a adição, no final do processo, do banho de óleo protetivo, que garante o aumento da vida útil do produto, inibindo a oxidação do aço carbono exposto sem acabamentos superficiais (parte interna dos tubos). Os equipamentos novos aplicados na linha foram: 11 retificadores de última geração; 6 bombas dosadoras para aditivos dos banhos de níquel, garantindo estabilidade nas aditivações dos produtos químicos necessários. Além disso, 6 carros automáticos com comunicação por wi-fi, 03 bombas filtro de 35 mil litros/hora de capacidade de filtração para garantir isenção de aspereza, sistema de recuperação de cromo por evaporação e concentração, o qual garante controle de temperatura do banho e a recuperação do metal, consequentemente, diminuindo o consumo do mesmo; novos barramentos dos tanques e suportes de gancheiras que garantem uma estabilidade de corrente elétrica e controle de corrente aplicadas nas peças, resultando em melhor qualidade e menor custo. Outra modificação foi o aumento significativo das áreas anódicas dos banhos de cromo e níquel, garantindo assim melhor distribuição dos materiais aplicados na peça e qualidade aumentada.
Implementado o uso de 10 carros de alimentação na entrada do processo,garantindo que não haja parada por falta de abastecimento, visto que a linha tem uma produtividade muito alta. Para aumento da capacidade de cromação no tamanho das peças foram feitos investimentos em 12 novos tanques para atender novas demandas.
O diretor comercial complementa explicando que, para alcançar os novos objetivos, eles contaram com uma antiga parceira da Pozza, a MacDermid Enthone, quem forneceu todo o apoio e suporte técnico para a ampliação do setor: “Utilizamos os processos fornecidos pela MacDermid Enthone. Na etapa de pré-tratamento possuímos desengraxantes químicos, eletrolíticos e decapagens ácidas, com volumes de tanques em 5.000 litros. Posteriormente, possuímos a deposição de níquel brilhante decorativo, com volume total de banho em 20.000 litros. Após deposição do níquel, realizamos a deposição de cromo decorativo hexavalente, com volume de banho de 5.000 litros. A superfície mais utilizada é aço carbono”, esclarece.
Peça cromada
As Inovações voltadas ao meio ambiente
Atualmente a fábrica da Pozza está assim configurada: são 20 mil metros quadrados de estrutura fabril, com produção de 300 mil peças por mês, em 2 turnos: “Vamos aumentar esse volume com o terceiro turno, que já esta sendo formado”, revela Benini com a expectativa de que a ampliação aumente de 30 a 40% a capacidade produtiva da linha de cromação - que hoje representa 50% da terceirização e 50% da linha própria, de acordo com o executivo.
Uma das grandes preocupações da empresa é relacionada ao meio ambiente, por isso, esse tema é incluído como parte fundamental dos projetos da companhia. Também há novidades nesse setor: “A Pozza se caracteriza pela enorme preocupação e consciência ambiental. Atualmente, possuímos equipamentos para recuperação de metais, como cromo e níquel, e estamos com projeto para implementação de colunas de troca iônica a fim de diminuir a geração de resíduos líquidos do processo galvânico. Possuímos uma estação de tratamento de efluentes própria, onde realizamos todo o tratamento dos resíduos líquidos descartados do processo de tratamento de superfície. Estamos em conformidade com as exigências ambientais da Fundação Estadual de Proteção Ambiental (FEPAM) e Conselho Nacional de Meio Ambiente (CONAMA). Também, após o tratamento dos efluentes, os resíduos sólidos gerados são destinados à PROAMB, empresa especializada em destinação e coprocessamento de resíduos”, detalha Benini.
Assim como ocorreu em outros setores, incluindo a indústria química e automotiva, a indústria moveleira também sofreu com o desabastecimento de insumos, uma das consequências da crise. “Hoje o setor moveleiro ainda se encontra tentando recuperar certas perdas do início da pandemia. Tivemos um crescimento expressivo, porém, não podemos esquecer que junto com isso tivemos uma série de aumentos em preços de matérias-primas e principalmente o desabastecimento de toda a cadeia de suprimentos. O momento que de fato todos estavam com a carteira repleta de pedidos foi o mesmo em que enfrentávamos falta de insumos. Tivemos problemas de abastecimento e inúmeros aumentos. Mesmo assim, seguimos atendendo todos os nossos clientes, na medida do possível, e achando soluções para passar por esse período. Ainda hoje se sofre com uma certa instabilidade no abastecimento de matérias-primas e de especulações para os próximos meses de novos aumentos de preços”, explica o diretor comercial, que crê ser este o principal ponto de estresse do setor hoje: “A estabilização no recebimento de insumos e equalização dos preços de todas as matérias-primas”.
Peça cromada
O ‘novo’ futuro
Como se observa, mesmo frente a desafios, a Pozza investiu para poder atender a um demanda crescente do mercado: a cromação de peças decorativas. O ato foi estrategicamente pensado, como esclarece Benini: “Vislumbrando o mercado da tercerização, aquecimento do setor moveleiro movido pela nova importância das pessoas em viver melhor e estarem mais dentro das suas casas, a Pozza ser reposicionou, investindo para suprir essa demanda e oferecer para seus clientes o melhor em acabamento de superfície, inovação, qualidade e prestação de serviços, de forma ágil e sempre muito próximo de seus parceiros e clientes. Ainda temos um longo caminho pela frente, mas já enxergamos que esse movimento foi certo, uma vez que estamos conseguindo atender diversos segmentos, tanto na parte de produção própria de produtos, quanto na parte de terceirização de peças para inúmeras empresas”.
A ação, e principalmente a sua causa – o aumento da demanda por produtos cromados –, traz um pouco de alívio para as indústrias envolvidas após um período tão incerto economicamente, e, sim, o futuro parece promissor.
Entre as tendências em móveis, o diretor aposta em produtos que misturam aço carbono e madeira; além de preto e cores amadeiradas, assim como o cromo bastante presente, por isso a empresa pretende “continuar crescendo e ampliando sua linha de cromação e tipos de tratamento de superfícies. Estamos confiantes no futuro e queremos acompanhar tendências, sempre atentos às novas tecnologias que estão surgindo todos os dias”, finaliza.
TS em destaque na indústria moveleira
Duas perguntas para do Diretor Comercial da Pozza, Vinicius Benini, sobre Tratamento de Superfície, setor que levou a Pozza a ampliar não só a fábrica e produção da empresa, como também os negócios, representando 50% do faturamento em apenas três anos de prestação de serviços.
Quais são as inovações em Tratamento de Superfície na indústria moveleira?
Para móveis em aço não temos outros acabamentos além do cromado e pintado. Apenas se houver interesse em outras superfícies como Zamak e Alumínio. Nesse caso, podemos variar o acabamento para peças coloridas de várias maneiras, como, por exemplo: preto, grafite, dourado etc…
Qual o futuro do Tratamento de Superfície na indústria moveleira?
Acreditamos que o futuro para o tratamento de superfícies só tende a crescer, pois notamos que o cromado vem com uma tendência bem forte em diversos produtos que necessitam desse tratamento, tanto para o mercado interno, e na nossa terceirização de peças para diversos clientes, quanto para o mercado externo.
Carros automáticos
A visão da MacDermid
A Revista TS também conversou com o diretor-geral da MacDermid no Brasil, Airi Zanini, para que ele pudesse detalhar como contribuiu com a Pozza, diante de tamanho projeto e parceria. Acompanhe.
Qual a importância para a MacDermid na realização de um projeto de remodelação da área de cromação tão expressivo?
A maior importância é tornar o setor mais produtivo e consequentemente atingir uma redução de custos, havendo oferta e sustentabilidade para o segmento de móveis tubulares.
Pela ótica da MacDermid, quais foram os principais pontos de atenção, além dos grandes destaques da ampliação do setor de TS da Pozza?
A empresa precisava absorver a capacidade produtiva da Móveis Carraro e de outros clientes do setor. A alternativa mais viável, de acordo com a visão empresarial dos diretores da Pozza, foi o investimento na ampliação e modernização da linha produtiva, com o apoio técnico e comercial da MacDermid Enthone.