Luiz Humberto C. Melo está há 23 anos, administrando áreas industrial, comercial e financeira na função de Vice-Presidente do grupo Powercoat com 5 unidades atualmente
A Powercoat também utiliza os sistemas previstos pela MP 936, como conta Luiz Humberto C. Melo, Vice-Presidente do Grupo: “Estamos em uma ação de guerra”
Como você e sua empresa têm enxergado a situação atual?
A situação atual das empresas é muito crítica, estávamos engatinhando para nos levantar da crise que enfrentamos há mais de 5 anos. Com a chegada da pandemia Covid-19 é como se levássemos uma rasteira, se não nos unirmos, olharmos para frente com estratégias definidas, a retomada para algumas empresas será impossível. Nesta quarentena, empresas estão com faturamentos a zero, mas continuam com despesas.Quais foram as principais ações implantadas na empresa/indústria para combater a Covid-19?
Como nossas unidades são alocadas em diferentes Estados brasileiros e atendemos diversas montadoras, implementamos ações diferenciadas para cada situação de cada unidade. No entanto, o básico foi aderirmos à MP 936, onde colocamos alguns funcionários no sistema de suspensão de contrato, outros em redução de jornada e salário com trabalhos home-office para áreas que podem funcionar como básico. Nossos executivos contribuíram com a redução de 70% dos salários. Elaboramos um plano de retorno gradativo de produção, priorizando as boas práticas de higiene e segurança, buscando reduzir o risco de contaminação e transmissão do novo Coronavírus, sendo:- Na entrada das empresas, na portaria teremos a medição de temperatura das pessoas através de termômetros infravermelho digital;
- Todas as pessoas passarão por um sistema de descontaminação das solas de seus calçados com produto preparado conforme normas da OMS;
- Colocação de vários pontos para utilização de álcool em gel;
- Adicionamos pontos com tanques para lavagem das mãos a qualquer momento;
- Cada funcionário receberá seis máscaras laváveis, sendo que no dia do trabalho utilizam três máscaras para troca a cada duas/três horas. No dia seguinte deixam para lavar e utilizam as outras três máscaras. Essas são máscaras de três camadas, conforme orientação da OMS;
- No piso industrial teremos delimitações para manter o distanciamento mínimo de 1,5 m entre as pessoas;
- Na entrada do refeitório será mantido o espaçamento entre pessoas;
- Nas mesas do refeitório que são de quatro lugares, isolamos dois na diagonal e colocamos acrílico também na diagonal para evitar contatos na parte superior;
- Todos os talheres são embalados separados, cada pessoa pegará seu conjunto;
- Nos banheiros, só será permitida a entrada de duas pessoas de cada vez. Ao sair, temos duas pessoas devidamente equipadas e treinadas para fazer a descontaminação das áreas utilizadas;
- Nos ônibus de transporte dos funcionários, a capacidade foi definida de 50% de ocupação, sendo assim, poderemos transportar uma pessoa em cada banco, mantendo o assento ao lado sempre desocupado, sendo sempre o primeiro, da frente, na janela e o de trás no corredor – e assim sucessivamente até última fileira de assentos;
- Essas são as ações básicas para zelarmos pela segurança de nossos funcionários.
Qual o planejamento para minimizar os impactos econômicos desta fase?
Não vemos outra maneira a não ser reduzir ao mínimo o que realmente precisamos utilizar, concentrar os volumes produtivos em menor horário, controlar com mais determinação os desperdícios, sermos mais unidos em nossos propósitos, funcionários e patrão. Queira ou não estamos em uma ação de guerra. Precisamos pensar diferente para termos resultados diferentes, maior solidariedade.Quais medidas o Sr. acha que o Governo deveria adotar para que a classe empresária sofra menos impactos negativos por conta da quarentena?
- O Governo Federal tomou algumas ações para minimizar o impacto, tais como ajuda a complementos de salários, redução de encargos trabalhistas de acordo com as MPs, medidas para facilitar negociações de dívidas bancárias, empréstimos para capital de giro;
- No entanto esses empréstimos não estão chegando como uma solução, os ganhos dos bancos estão muito altos, talvez por medo de calotes se torna inviável. A verba está disponível, mas ficará parada;
- Todos os profissionais, assim como funcionalismo público que, além de ficar em casa de quarentena, não colaboraram em nada com seus salários. O que os políticos colaboram com seus salários, com redução de custos? Essa redução deveria ser enquadrada na MP 936, uma determinação do Governo Federal;
- Os empresários são tratados como marginais neste país. Precisamos de incentivos à produção, cada empresário que gera empregos deveria ser beneficiado com redução de encargos trabalhistas – quanto mais emprego maior a redução, é claro, até um limite. Quanto maior a produção também seria beneficiado com uma redução em impostos. Com certeza, o aumento de produtividade e empregos faria a economia girar e a arrecadação final seria maior;
- O Governo precisa valorizar a ciência, investir em pesquisas, investir no saneamento básico... No Brasil temos pessoas sem água potável nas suas residências;
- Reforma Tributária;
- Valorizar empresários investidores, geradores de empregos, incentivando com vantagens em tributos de acordo com participação;
- Reduzir ‘Custo Brasil’ na desburocratização;
- Incentivar a indústria nacional! Vimos que se ficar dependente de uma nação, o colapso é iminente. É hora de refletirmos e agir.