Aprovação da política industrial pelo Senado dos EUA demonstra que o novo foco das disputas internacionais está no fomento e competitividade do setor.
Rafael Cervone, vice-presidente da Federação e Centro das Indústrias do Estado de São Paulo (FIESP/CIESP, em reunião virtual, na tarde desta quarta-feira (9/06), com empresários do Alto Tietê / Mogi das Cruzes, Jacareí, São José dos Campos e Taubaté, salientou que o setor será estratégico para a recuperação da economia brasileira e mundial. “Este é o entendimento unânime dos países da União Europeia e dos Estados Unidos, cujo Senado acaba de aprovar avançada política industrial, que se segue à destinação, pelo Governo Biden, de US$ 300 bilhões ao fomento da atividade”.
Cervone, que participa do Business 20, braço privado do G20, salientou ser consensual no grupo, como nos distintos blocos de nações, que a disputa no contexto da economia global passa a se concentrar na indústria, inclusive no desenvolvimento de novos produtos e tecnologias essenciais à retomada do crescimento e recuperação global. “Nosso desafio agora é mostrar isso ao Governo Federal e ao do Estado de São Paulo, para que entendam o significado de nosso setor e a premência de ampliar sua competitividade”.
Nesse sentido, ponderou Cervone, é necessária a reforma tributária, estabelecendo-se mais equilíbrio na arrecadação, pois a indústria paga um terço de todos os impostos no País, embora represente apenas 11% do PIB. “Novo modelo também precisa incluir o ICMS, para que tenha fim a guerra fiscal, tão nociva à indústria paulista”.
O dirigente da FIESP/CIESP afirmou, ainda, ser preciso demonstrar às autoridades que a abertura unilateral do comércio exterior preconizada pelo governo não pode ser imediata e repentina. “É equivocada a impressão de que o problema da competitividade da indústria já estaria solucionado. Tenho insistido com o ministro Paulo Guedes, da Economia, que produzir no Brasil custa R$ 1,5 trilhão a mais por ano do que na média das nações da OCDE (Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico), segundo mostra estudo do Boston Consulting Group, do qual participaram diversas entidades de classe”.
Nessa conta, explicou Cervone, os tributos são responsáveis por diferença de R$ 270 bilhões e os encargos com a folha de pagamentos, R$ 300 bilhões, dentre outros fatores. “Portanto, é impossível reduzir taxas e impostos de importação enquanto tivermos essa imensa desvantagem referente ao Custo Brasil”, argumentou, acrescentando: “Precisamos, sim, promover a inserção internacional da indústria, inclusive das pequenas e médias, para que expandam seus mercados, agreguem tecnologia, tenham ganhos de escala e produtividade. Nesse sentido, o CIESP desempenha papel relevante, assim como o Senai-SP, cuja contribuição extrapola a formação profissional, pois pode prover consultoria de alto nível em várias frentes, desde a formação de joint ventures até soluções tecnológicas”.
Outro desafio a ser enfrentado refere-se ao Governo do Estado de São Paulo, que tem se mostrado insensível aos problemas da indústria e à conjuntura econômica da pandemia da Covid-19. “É inadmissível que, além de não adotar medidas contingenciais de estímulo e apoio às empresas, tenha aumentado o ICMS, sem necessidade, pois a arrecadação paulista cresceu. E fez isso de modo inconstitucional, por meio de decreto”, lamentou Cervone. “Estamos lutando contra essa medida no Tribunal de Justiça do Estado e no Supremo Tribunal Federal (STF)”.
O dirigente ressaltou que todas essas questões têm especial relevância para a macrorregião industrial do Alto Tietê e Vale do Paraíba, na qual há mais de 50 municípios e que é estratégica para a economia, as exportações e a logística.Respondendo a perguntas de empresários locais, destacou que o CIESP deverá atrair, também, os microempresários, contribuindo para o fomento de seus negócios.
Para a competitividade das pequenas e médias indústrias, outra frente significativa será o e-commerce, que já representa cerca de R$ 110 bilhões anuais no Brasil. Em 2020, cresceu 47%. Em contrapartida, as importações por esse meio representam perto de R$ 23 bilhões e tiveram expansão de 26% no ano passado. “O governo quer isentar de impostos esse tipo de ingresso no mercado nacional de produtos estrangeiros. Porém, não concordamos. Cabe tributar para evitar mais um foco de concorrência desleal”.
Representatividade e união
Cervone é candidato a presidente do CIESP nas eleições de 5 de julho próximo, pela Chapa 2. “Nosso grupo tem representatividade nos 42 departamentos regionais da entidade, conta com número expressivo de mulheres e jovens empreendedores e 52% dos seus membros não tinham qualquer participação na entidade, num processo amplo de renovação. Dentre todos os integrantes, 78% são do Interior.
O candidato a primeiro-vice-presidente é Josué Gomes, que concorre, em chapa única, à presidência da FIESP, na qual seu primeiro-vice é Cervone, estabelecendo-se, assim, forte ligação entre as duas entidades. Tal composição atende a um anseio das bases setoriais, que manifestaram querer diretorias diferentes, mas total sinergia entre as duas casas.
Referindo-se à candidatura de Cervone, José Francisco da Silva Caseiro, liderança empresarial do Alto Tietê e de Mogi das Cruzes, disse conhecer toda sua atuação em prol do CIESP. “Ele se dedica muito ao trabalho associativo. Precisamos de alguém assim, com muita atitude, à frente da entidade, que é a grande representante dos industriais em todo o Estado e fundamental para o fortalecimento e defesa do setor”. Antônio Augusto Guimarães Oliveira, de Taubaté, apontou a experiência do dirigente, “inclusive de caráter internacional”.
Lideranças industriais de São José dos Campos também se manifestaram: Alexandra Gioso observou que “Cervone apresentou, na reunião de hoje, plano muito eficaz de governança do CIESP. A composição da Chapa 2, com renovação equilibrada, é de bom senso e consistente”. Felipe Cury disse ser testemunha ocular do trabalho de Cervone na FIESP e no CIESP. “Ele está pronto para dirigir a maior entidade representativa da indústria no Brasil”. Luciano Micheletto enfatizou que “nos orgulha ter uma liderança ética, que tem realizado campanha de alto nível e focada em propostas. Importante termos um presidente que mantém a cabeça erguida ante os desafios enormes da indústria”.