Com mais de 45 anos atuando em galvanoplastia Maria Regina de Souza realmente não enxerga obstáculos, mas desafios, sem chavão, vencendo-os com estudo, profissionalismo e uma real intenção de superá-los
Maria Regina de Souza, construiu uma carreira de 36 anos na Lorenzetti, onde atua como supervisora de laboratório químico
Era destino. Se não fosse a Lorenzetti, onde atua há 36 anos, talvez Maria Regina de Souza não teria nascido. “Meus pais se conheceram trabalhando na Lorenzetti. A empresa empregava os moradores próximos e meus tios também trabalharam na empresa. Meu pai, que era apaixonado pela Lorenzetti, permaneceu lá por 63 anos. Era um homem de caráter e lealdade, e nos ensinou a ter respeito e ser honesto com o próximo. Era um exemplo para muitas pessoas. O trabalho era sua vida, tenho muito orgulho de ser filha dele”, conta. Ela não sabia que iria trilhar caminhos similares ao seu pai.
Iniciou na indústria química em 1973. “Terminado o curso Técnico em Química Industrial e cursando o primeiro ano na Faculdade de Química, ambos no Mackenzie, entrei na Wapsa Auto Peças (adquirida pela Bosch em 1975)”, diz. Quando a gigante alemã comprou a empresa em que trabalhava, ela foi designada para a galvanoplastia, “devido ao alto refugo na área. Fiquei estudando e estagiando por dois anos e a meta foi cumprida, reduzindo refugo, substituindo banho de cádmio por zinco, eliminando cianeto dos banhos de desengraxantes e dos banhos de zinco. Permaneci até 1983 equipando o laboratório químico e metalográfico, processo de pintura e tratamento térmico”, continua.
Foi então que, em 1983, recebeu o convite da Lorenzetti, para atuar no controle de qualidade em produtos químicos e banhos galvânicos. Atuou também em resistências para chuveiros e montagem do laboratório para análise de plásticos e borrachas, “assim todas as áreas passaram a ter controle de materiais”, diz.
Vida acadêmica
Em 1994, Maria volta à academia e cursa licenciatura em Química, posteriormente se especializando em Engenharia de Saneamento Básico e Ambiental na Saúde Pública da Universidade de São Paulo, USP. Outra coincidência do destino, foi “exatamente quando a Lorenzetti iniciou o desenvolvimento para fabricação de Filtros e Purificadores e, com essa formação, passei a integrar reuniões do INMETRO e ser membro da comissão de estudos ‘Aparelhos para Melhoria da Qualidade da Água para Consumo Humano’, destaca.
Já habituada a montagens de laboratório, ela o faz para o setor de análise de águas, “para controle de recebimento de materiais, controle de produtos produzidos e acompanhamento de desenvolvimento de filtros e purificadores”. A tarefa a habilita para atuação no setor de fundição de cobre e injeção de Zamac para o processo de cromação, em 2006; momento em que continua a ampliar seus conhecimentos técnicos, fazendo a MBI de Tecnologia na Fundação Instituto de Pesquisas Tecnológicas (IPT).
Sua carreira foi pautada pela evolução da própria galvanoplastia: “Dois anos mais tarde, participei do processo de implantação da galvano automática para latão. Em 2009, fiz parte da equipe de desenvolvimento da metalização a vácuo em ABS e, no ano seguinte, complemento da galvano de latão para Zamac. Em 2012, me especializei na implantação da galvano automática para ABS. Em 2015, busquei conhecimento sobre montagem e treinamento dos laboratórios químicos da unidade louças sanitárias, visando controle de processos de esmalte e internação de ensaios para controle de massas na fabricação de louça sanitária” desenvolve.
Acreditar é realizar
A executiva não identificou o preconceito masculino ao longo de seu trabalho, e mostra por que: “Conheço tantas mulheres competentes e com potencial, que não dá para aceitar que possa haver preconceito. Existem, sim, despreparados que julgam serem melhores que essas mulheres. As barreiras chegam para que possamos sair da zona de conforto e buscar saídas”, enfatiza e afirma: “Nunca coloquei a minha condição de mulher para parar e não realizar, sempre penso que posso e assim acontece. Tenho respeito por todos e assim sou respeitada. Não acredito em preconceito, nós é quem nos damos o respeito. Às vezes, percebo que alguns até pensam que não sou capaz, mas logo notam que estão errados. Quem dita a verdade somos nós mesmos. Eu acredito que se é nosso sonho conseguimos realizar!”.
Inovação e atualização
Estar em constante movimento intelectual é parte da vida da profissional, “sempre gostei de aprender e quanto mais estudo mais vejo que nada sei”, diz na entrevista, lembrando que a reinvenção faz parte da indústria, principalmente em momentos de crise, “As novas tecnologias exigem que os profissionais se adaptem e saiam da zona de conforto tendo oportunidade de obter conhecimentos em áreas multidisciplinares. Sempre vão existir novos desafios e a indústria se prepara para essas conquistas”, explica e assevera: “No cenário atual, a empresa que não inovar vai ficar fora de mercado!”.
Para o setor galvânico e mercado decorativo, ela mostra que a Lorenzetti vem se adaptando com sucesso às novas demandas, que figuram não só nas peças diretamente, mas também a importância dos processos sustentáveis: “Hoje estamos passando por solicitação de peças com acabamentos diferenciados em cor e texturas e conseguimos atender a essa expectativa. O meio ambiente tem de ser respeitado e, para isso, novos processos limpos devem ser empregados. O meio ambiente depende de todos”, diz.
Para o futuro, Maria prevê uma revolução com a utilização de técnicas digitais, “em todas as áreas”. E ela deixa um recado para ser utilizado agora e sempre: “Para o sucesso, um executivo deve estar atento a todos ao seu redor, são os diferentes pensamentos e conhecimentos que trazem novas ideias e soluções”, conclui.
“Nunca coloquei a minha condição de mulher para parar e não realizar, sempre penso que posso e assim acontece. Tenho respeito por todos e assim sou respeitada. Não acredito em preconceito, nós é quem nos damos o respeito. Às vezes, percebo que alguns até pensam que não sou capaz, mas logo notam que estão errados. Quem dita a verdade somos nós mesmos. Eu acredito que se é nosso sonho conseguimos realizar!”.
Maria Regina de Souza, além do trabalho
“Sou Paulistana nascida na Mooca, descendente de Italianos e portugueses. Como pessoa, amo a vida; viajar sempre foi e continua sendo meu sonho - conhecer outros lugares e culturas traz crescimento e faz bem para a alma! Gosto do campo, de trabalhos manuais, como, por exemplo, fazer mosaico, e pratico Tai Chi Chuan”.
Acesse o conteúdo original publicado na revista Tratamento de Superfície, edição 217, página 10-11