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Inibidores de corrosão para sistemas hidrossolúveis


MercadoPintura 15 de julho de 2021 | Por: Nilo Martire Neto
Inibidores de corrosão para sistemas hidrossolúveis
 
Consultor, Eritram Coatings
 

O presente artigo é uma republicação da Orientação Técnica, (o original foi publicado na Revista Tratamento de Superfície, edição 92, novembro/dezembro de 1998, páginas 8 e 9. 

Na busca contínua para obter um revestimento orgânico que possa prolongar o uso dos artigos metálicos inibindo a corrosão, diversas matérias primas são continuamente submetidas à exaustivos testes pelos diversos laboratórios espalhados pelo mundo.

Com respeito aos pigmentos anticorrosivos, atualmente o esforço maior está em eliminar sem prejuízos na performance, aqueles que contêm metais pesados. Estes revestimentos para se tornarem mais ecológicos não podem utilizar pigmentos contendo por exemplo cromo, cádmio,  chumbo ou mercúrio.

Além de atender o quesito principal que é a proteção anticorrosiva, estes pigmentos que são muito reativos, não poderão interferir na estabilidade de certas resinas, principalmente aquelas hidrossolúveis.

A razão principal é que com o menor uso de voláteis orgânicos afim de reduzir as emissões e melhorar o rendimento das tintas hidrossolúveis, os polímeros utilizados para este fim tornam-se mais suscetíveis às variações de p.H. provocadas por alguns destes pigmentos.

Lembramos que a opção por pigmentos em forma de escamas, como o alumínio, caulim, talco, óxido de ferro micáceo, que formam barreiras laminares contra agentes agressivos como a umidade, oxigênio e íons deletérios tipo cloretos e óxidos de enxofre deverá ser revista. Estes pigmentos formam labirintos tornando o revestimento mais impermeável, porém requerem filmes muito espessos, acabando por se tornar antieconômicos, além de trazerem outras dificuldades na performance mecânica do filme aplicado.

Quanto ao conhecido zarcão que é um óxido de chumbo largamente utilizado no passado por formar sabões com ácidos graxos em sistemas óleoresinosos, resultam em uma boa base anticorrosiva selando os poros dos filmes de tinta. Porém estes sistemas muito eficientes, vem sendo substituídos por causarem problemas para o homem e meio ambiente. Esta tendência também ocorre com os pigmentos a base de cromo hexavalente, que é reconhecidamente um inibidor de corrosão muito ativo, porém igualmente tóxico.

Os fosfatos simples, os tetra hidratados, piro e metaboratos são os mais utilizados como substituto dos mencionados acima, porém requerem um sistema de resinas mais reticulado no sentido de manter a mesma qualidade de proteção dificultando, desta forma, a troca pura e simples do pigmento contendo o metal indesejado.

Os casos da substituição por tintas mais ecológicas que requerem um maior cuidado são aqueles onde o objeto a proteger é formado por dois ou mais diferentes metais. Isto é devido ao fato de que na junção destes metais e na em presença de umidade mais um eletrólito, resultará na formação de uma diferença de potencial na interface, ocorrendo assim a transferencia de elétrons do metal de menor potencial para o maior, iniciando-se o que chamamos de uma corrosão galvânica. Desta forma o ânodo que é o eletrodo positivo para onde flui a carga, será severamente corroído.

No caso das peças constituídas de ferro e zinco, êste último funcionará como ânodo corroendo-se desde que a temperatura de trabalho da peça não exceda a 600 C. Neste caso pode-se inverter a condição. Já a união do ferro com o alumínio, êste mais eletropositivo inicialmente se oxida formando uma camada protetora tornando-se catódico em relação ao ferro que passa a se oxidar.

Desta forma o revestimento deverá reduzir ou eliminar todas estas reações indesejáveis, além de conferir uma boa aparência à peça. Neste sentido os pigmentos anticorrosivos desempenham um papel muito importante passivando as superfícies em contato.

Em auxílio aos pigmentos ecológicos, os mais recentes desenvolvimentos utilizam compostos orgânicos ligados quimicamente ao polímero principal, melhorando a aderência da tinta ao substrato principalmente em presença de umidade. Isto ocorre porque estes radicais são adsorvidos pela superfície do metal formando um elo mais forte entre polímero e metal. Outros radicais no entanto, funcionam interagindo com as reações de corrosão formando  sais complexos de baixa solubilidade diminuindo desta forma a velocidade da reação de corrosão.

Desta forma estes compostos quando corretamente combinados com um pigmento anticorrosivo do tipo acima citado, acabam por oferecer sistemas de pintura extremamente eficientes, comparados àqueles que utilizam os pigmentos contendo metais pesados. Finalizando devemos acrescentar que será muito importante analisar todas as vantagens e os inconvenientes do uso destes novos produtos antes de qualquer decisão da troca.

 

 

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