
Confira um passo a passo para agregar valor à sua empresa enquanto garante conformidade legal, segurança e sustentabilidade.
Ao deparar-se com o termo ‘Área Contaminada’, é natural sentir uma certa inquietação, não é mesmo? Com certeza seria mais confortável tratar o assunto como ‘Gerenciamento da Qualidade do Solo’, por exemplo; assim, entender o que realmente é uma área contaminada e como funciona o seu gerenciamento pode tornar o assunto muito mais claro e menos intimidador.
Áreas contaminadas são reflexos do desenvolvimento industrial, quando a gestão ambiental não era prioridade e acreditava-se que o solo podia absorver poluentes ilimitadamente. No entanto, sua capacidade é limitada, e os contaminantes podem permanecer por longos períodos, gerando impactos e diversos problemas que persistem até hoje.
Figura 1: Problemas causados por uma área contaminada.
O QUE SIGNIFICA ‘ÁREA CONTAMINADA’?
Uma área contaminada é um local onde o solo, a água subterrânea ou o ar foram poluídos por substâncias descartadas ou acumuladas que podem representar risco à saúde, ao meio ambiente e a outros bens a proteger. Contudo, nem toda área contaminada apresenta risco imediato, pois o risco depende de fatores como a concentração de contaminantes, a exposição de receptores sensíveis e a possibilidade de danos.
COMO VALIDAR O RISCO DE USAR UMA ÁREA CONTAMINADA?
Para que o risco de uso seja comprovado, é necessário haver um meio pelo qual a contaminação entre em contato com um receptor. Isso significa que é preciso avaliar se existe um caminho claro e contínuo para a exposição. Alguns exemplos incluem:
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Um poço de captação que fornece água contaminada a um residente;
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Uma substância volátil que invade um espaço fechado, onde um trabalhador permanece por 8 horas diárias ao longo de anos;
Figura 2: Cenários possíveis de exposição a uma área contaminada. Fonte: https://www.atsdr.cdc.gov/index.html
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Uma obra de escavação, na qual trabalhadores podem entrar em contato direto com o solo ou água subterrânea contaminados;
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Outros cenários onde a contaminação chega ao receptor humano, ecológico ou estrutural de maneira significativa.
Sem a presença de um meio que conecte a fonte de contaminação ao receptor, o risco é considerado controlado (Figura 2).
COMO ALCANÇAR ESSE NÍVEL DE ENTENDIMENTO?
O gerenciamento de áreas contaminadas é a ferramenta essencial para validar a segurança e a viabilidade do uso de áreas contaminadas. Ele é a chave para planejar as intervenções corretas e garantir que a área seja utilizada de forma segura e sustentável.
No Brasil, avanços legislativos, como a Política Nacional do Meio Ambiente (Lei nº 6.938/1981) e a Resolução CONAMA nº 420/2009, criaram bases sólidas para a proteção ambiental e a gestão de áreas contaminadas. Em São Paulo, a Lei nº 13.577/2009 e o Decreto nº 59.263/2013 estabeleceram diretrizes pioneiras que hoje servem de referência para outros estados.
Figura 3: Fluxograma do processo de gerenciamento de áreas contaminadas, segundo a CETESB.
Fonte: https://cetesb.sp.gov.br/areas-contaminadas/documentacao/manual-de-gerenciamento-de-areas-contaminadas/introducao-ao-gerenciamento-de-areas-contaminadas/conceituacao/
O PROCESSO EM DETALHES
O processo de gerenciamento se assemelha a uma consulta médica detalhada: é dividido em etapas sequenciais, onde cada uma depende dos resultados da anterior. O objetivo é compreender completamente a condição da área e desenvolver um Plano de Intervenção eficiente.
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Avaliação Preliminar
Identifica possíveis indícios de contaminação no solo e na água subterrânea. Nessa etapa, é elaborado o Modelo Conceitual Inicial (MCA 1), que levanta hipóteses sobre como a contaminação ocorreu, como se dispersou e quem pode ser afetado. -
Investigação Confirmatória
Caso necessário, são coletadas amostras de solo, água e ar para confirmar ou não a presença de contaminação, atualizando o MCA 2.Figura 4: Coleta de amostras de solo e de água subterrânea
Se as concentrações estiverem abaixo dos valores de referência, o processo é encerrado; caso contrário, segue-se para a próxima etapa.
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Investigação Detalhada
Mapeia a contaminação em profundidade e extensão, identificando os pontos críticos e os receptores afetados.Figura 5: Representação de uma pluma de contaminação presente na água subterrânea.
Permite concluir os caminhos do contaminante, quais receptores foram atingidos e quais ainda podem ser impactados. Os resultados são documentados no MCA 3.
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Avaliação de Risco à Saúde Humana
Quantifica os riscos da contaminação aos receptores – trabalhadores, residentes, entre outros. Define-se as Concentrações Máximas Aceitáveis (CMA) e elabora-se o MCA 4 com riscos, CMAs e metas. -
Plano de Intervenção
Baseado no MCA 4, define medidas como remediação química, biológica, térmica, obras de engenharia (impermeabilização), e controles institucionais.Figura 6: Sistema de remediação.
Após atingir as metas, a área é monitorada. Caso a contaminação retorne, o plano é revisto e adaptado.
E QUANDO DEVO INICIAR ESSE PROCESSO?
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Quando convocado pelo órgão ambiental;
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Em casos de acidentes ou incidentes;
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Na desativação de área com histórico ou potencial de contaminação;
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Para obter certificações de qualidade;
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Por iniciativa própria.
O ideal é implementar o quanto antes, especialmente em indústrias como a de galvanoplastia.
O PAPEL DA GALVANOPLASTIA
A galvanoplastia é essencial, mas com alto potencial de impacto ambiental, exigindo rigoroso controle.
Fontes principais de contaminação:
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Efluentes líquidos: metais pesados e substâncias tóxicas contaminam solo e água.
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Resíduos sólidos: lodos contaminados, resíduos metálicos e materiais impregnados.
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Vazamentos: tanques corroídos ou transporte malfeito.
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Impermeabilização inadequada: fissuras permitem infiltração química.
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Armazenamento de químicos: armazenamento malfeito aumenta riscos.
CONCLUSÃO
Toda área contaminada pode ser usada de forma segura, desde que com plano bem estruturado, adequado ao uso pretendido e conforme a legislação.
Apesar dos custos elevados em casos complexos, a prevenção é mais barata: ações como impermeabilização e uso de substâncias alternativas evitam passivos futuros.
O gerenciamento deve ser visto não apenas como obrigação legal, mas como oportunidade de agregar valor, proteger o meio ambiente e reduzir riscos. É um investimento em segurança, sustentabilidade e conformidade.
Implementar boas práticas desde o início reduz drasticamente custos e demonstra compromisso com a governança ambiental – valorizado por investidores, parceiros e consumidores.
O gerenciamento de áreas contaminadas está integrado a ESG, sustentabilidade e eficiência operacional. Contar com especialistas garante eficácia em todas as etapas, transformando desafios ambientais em oportunidades reais.
JULIANA MANTOVANI
Engenheira Ambiental pelas Faculdades Oswaldo Cruz (2007), especialista em Gerenciamento de Áreas Contaminadas pelo SENAC (2013), Mestre em Ciências e Tecnologia Nuclear pelo IPEN/USP (2018). Fundadora da AIS Engenharia Ambiental, desde 2017.
Contatos:
(11) 4873-1100 / (11) 9.9118-3383
Site: www.aisambiental.com.br