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“Faz mais quem quer do que quem pode”


TS 227Grandes Profissionais 27 de janeiro de 2022 | Por: Portal TS
“Faz mais quem quer do que quem pode”

Sr. Alejandro Rodriguez: das Ilhas Canárias para o Brasil

 

A história de Alejandro Rodriguez, que cruzou um oceano, conheceu a galvanoplastia por acaso e fundou a Niquelação Rodriguez, uma empresa que se tornou especializada em cromação de acessórios para a indústria automotiva, e que, em breve, fará 60 anos.

 

 

Esta é a trajetória do fundador da Niquelação Rodriguez, uma das grandes empresas de galvanoplastia do Brasil especializadas em niquelação de peças automotivas, principalmente acessórios. O seu protagonista cruzou o Oceano Atlântico, em 1960, para criar, aqui, a força motora de qualquer país, a indústria, Alejandro Rodriguez Hernandez é o seu nome, e ele mesmo conta as suas origens: “Minha história é feita em dois períodos (como um jogo de futebol que tanto aprendi a gostar neste país), a primeira parte é composta pela minha vida nas Ilhas Canárias, especificamente na Ilha de Tenerife, onde nasci, me casei e nasceram meus dois primeiros filhos, – sempre amarei minha terra natal de águas azuis turquesa e montanhas verdes e frias–, porém, a Espanha vinha de uma guerra civil há dez anos à qual só foi interrompida por um conflito ainda maior, a Segunda Grande Guerra. Naquele período a necessidade era grande... foi quando ouvi falar da Venezuela e do Brasil, pois muitos Canários do arquipélago estavam indo tentar a sorte principalmente no país de Bolívar, mas acabei escolhendo o nosso Brasil e partindo, só deixando minha esposa com nossos dois filhos pequenos. Cheguei e rapidamente consegui trabalho; era uma terra e época que o país e principalmente São Paulo  eram a locomotiva do continente, após um período de dez meses aproximadamente consegui trazer minha esposa e os meninos, a partir daí começa minha história no Brasil”, diz.

 

 

Como a maioria dos imigrantes que chegavam, o lema era sobreviver ou sobreviver, não existia outra via: dessa forma, o trabalho aparecia e o trabalhador se apresentava; foi assim, meio que por acaso, que o Sr. Alejandro foi atuar com a galvanoplastia. “Na área da galvanoplastia minha história começa de maneira um pouco de improviso, pois eu trabalhava em uma empresa que fabricava equipamentos para galvano, chamava-se Revestex”. Logo, o lado empreendedor se apresentou, pois, o Sr. Alejandro comprou uma parte dessa empresa, tornando-se sócio. “Era o ano de 1963 e aproveitei a vinda de meu irmão Antonio Rodriguez, vindo de Tenerife, e montamos uma empresa de fabricação e vendas de equipamentos – naquele tempo fazíamos de tudo, desde exaustores a rotativos até fabricação de tanques e revestimentos de PVC e chumbo”, relata.

 

Quando o conselho não é bom, mas excelente! 

Ocorre que a tradição econômica do Brasil é permeada por crises sazonais e uma delas surpreendeu o empresário na época da sociedade com o irmão: “Foi quando numa dessas famosas crises da indústria automobilística nos pegou em cheio, era um pedido praticamente pronto de vários tambores rotativos para uma linha e o comprador desfez o negócio. Já nos encontrávamos quase sem saída quando um amigo, chamado Orlando Braz, nos aconselhou a montar os banhos e utilizar os equipamentos para começar uma galvanoplastia”. 

O conselho foi ouvido e praticado, era o início de uma empresa que está prestas a fazer 60 anos! “O primeiro serviço foi o de varetas de guarda-chuva e daquele momento em diante nascia a Niquelação Rodriguez. Tudo era novo, uma vez que não conhecíamos os processos soluções e problemas dos mesmos, muita gente boa dos fornecedores de processos nos ajudou e, além dos processos galvânicos, tive de aprender e encarar o novo desafio de saber todos os setores de uma empresa o que me trouxe confiança e conhecimento”, lembra agradecido.

Entre os grandes momentos vivenciados pelo empresário junto à Niquelação Rodriguez, ele destaca uma inovação que fez para a Honda Motors: “Desenvolvi para a Honda motos uma solução para o velocímetro e conta giros das motos pintando a peça que era inteiramente pintada em preto, pintando internamente de branco brilhante, desenvolvendo um dispositivo para tal. O resultado foi, inclusive, uma economia para a montadora, pois a lâmpada original foi substituída por uma de menor amperagem pela reflexão interna ser maior pela aplicação da tinta branca”, explica. Ele também cita entre os fatos mais marcantes, a implantação de uma máquina automática, no início da década de 1980. “Outro momento inesquecível também foi quando montamos a primeira máquina automática no início dos anos 80, com o Sr. Francisco, da empresa Mantel, hoje infelizmente já falecido”. Foi uma inovação para época.

 

 

A indústria hoje

Com praticamente sessenta anos de vivencia em galvanoplastia, o executivo tem opinião crítica sobre a realidade do setor: “A indústria de galvanoplastia no Brasil vem sofrendo um decréscimo contínuo de empresas que, infelizmente, fecharam as portas, considerando que perdemos muitos negócios com as importações, principalmente da China, além da elevação dos custos que não se consegue repassar integralmente”. Ele continua, mostrando uma grande transformação, que veio para ficar: “O ABS hoje em dia está cada vez mais requisitado uma vez que a resistência do mesmo e sua grande diversidade está pouco a pouco substituindo uma grande parte das peças outrora cromadas em metal, exemplo disso são as torneiras de acabamento para construção civil. A indústria automobilística ainda é a principal consumidora de peças cromadas, embora com o agravante citado anteriormente - China e outros”. 

O empresário também fala sobre como enxerga o futuro do setor: “Na questão de tendências vejo que a grande preocupação deve ser com o meio ambiente, onde acredito que os produtos serão mais ecológicos e com os processos gerando cada vez menos resíduos. Ao meu ver, o futuro da indústria automobilística será moldado pela sua atuação ambiental, mudamos o clima do mundo com combustíveis fósseis e agora temos de recuar para poder prosseguir e a empresa que perceber isso primeiro tem vantagem”, aconselha.

Sobre sua vida pessoal, ele segreda: “Uma frase que sempre me permeou é ‘Faz mais quem quer do que quem pode’”. E ele fez! Atualmente, a empresa é comandada por seus filhos, inclusive, um deles nasceu no Brasil, um país em que o Sr. Alejandro criou sua família e ajudou a manter muitas outras com a geração de emprego e força produtiva. Hoje, ele aproveita, mas também trabalha, agora em outras administrações: “Moro em São Paulo e atualmente gosto de ir à praia, jogar snooker e ir à empresa, que agora é tocada pelos meus filhos. Hoje em dia também cuido de alguns aluguéis dos meus imóveis, além de toda documentação, resolução de problemas, reformas, etc.”, finaliza.

 

Ilhas Canárias

As Ilhas Canárias, onde o Sr. Alejandro Rodriguez Hernandez nasceu, em 1938, são um arquipélago espanhol no Oceano Atlântico, a Oeste da costa de Marrocos. Constituem uma Região Autônoma do Reino da Espanha. São o território mais próximo do arquipélago português da Madeira, com esta compartilhando a região da Macaronésia, junto com os arquipélagos dos Açores e de Cabo Verde. O arquipélago das Ilhas Canárias é o maior e mais populoso da região da Macaronésia.  As suas capitais são Santa Cruz de Tenerife e Las Palmas de Gran Canaria. O arquipélago tem mais de dois milhões de habitantes. Tenerife é a ilha mais habitada (917 841), seguida de Gran Canaria (851 231). Fonte: https://pt.wikipedia.org/ 

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