Com pesar, compartilhamos o falecimento de Volkmar Ett, renomado e profícuo profissional do setor, e Elia Isaia De Demo, fundador da Dileta. Conheça as histórias inspiradoras por trás desses grandes nomes e seu inestimável legado para o mercado de tratamento de superfície

Como veículo de informação de um setor, é maravilhoso poder compartilhar informações técnicas que fazem o conhecimento chegar aos interessados, com o objetivo de transformar o mercado para melhor. Entretanto, existem notícias que não são agradáveis de dar, mas que devem ser compartilhadas como forma de agradecimento e reconhecimento; é o caso de notas de pesar. 

Infelizmente, este fim de semana que passou, dias 1 e 2 de julho de 2023, dois profissionais de grande destaque do setor de Tratamento de Superfície faleceram Volkmar Ett, um dos profissionais mais profícuos do setor e Elia Isaia De Demo, fundador da Dileta.

Volkmar Ett

Nascido nas Filipinas, de origem alemã e francesa, Volkmar ao Brasil em 1948, aos 13 anos. Iniciou sua vida profissional como comprador da Walita. Sempre empreendedor e inovador trabalhou em fábrica de velas, colhia vermes para alimentar peixes, fazia e vendia maionese, além de fabricar rojões. 
Autodidata, era profundo conhecedor em vários campos, desde Materiais e Química, Medicina, Música e Artes. Incentivou a educação e o empreendedorismo. Sempre admirado e respeitado por todos.
Foi aprovado para estudar em Oxford, na Inglaterra, mas optou em ajudar seu pai, o Eng. Gerhard Ett e Sr. Leoni, fundadores da Cascadura S.A. Seu pai faleceu cedo, juntamente com seu irmão, Rolf Rüdiger Ett, e o Sr. Leoni (também já falecidos) tornaram a Cascadura o que ela é hoje, uma das empresas de tratamento de superfície mais tradicionais do Brasil e do mundo.
Na Cascadura, foi responsável pela tecnologia, desenvolvimento de processos e inovação, diplomouse CEF, pela American Electroplaters & Surface Finishers Society, nos Estados Unidos (1994); inclusive foi o único não americano a prestar consultoria em tratamento de superfície para a marinha norte-americana.
Recebeu inúmeras condecorações dos governos dos EUA, Alemanha, França e Brasil, tendo sido indicado três vezes ao prêmio máximo dado pela presidência da República do Brasil. 
Também foi sócio e diretor da Electrocell, onde desenvolveu tecnologia de células a combustível e hidrogênio. “Meus equipamentos para pesquisa de células se encontram nos mais importantes laboratórios do Brasil e alguns do exterior, mas o que mais tem contribuído para deixar a empresa conhecida é a célula de 50 kW produzida para a Eletropaulo (2004)”, em suas próprias palavras. Ainda hoje é a maior produzida no hemisfério Sul; além da propulsão do ‘ônibus a hidrogênio’, da COPPE-RJ (2010), e os novos tipos de bateria para veículos elétricos e também sistemas híbridos e complementares para instalações fotovoltaicas e eólicas – ESS 722kWh, em bateria de íon de lítio. 
Tais desenvolvimentos contribuíram não só para o estudo de nanotecnologia, mas também em novas aplicações em desinfecção hospitalar, combate a pragas na agricultura e tratamento de efluentes. Na empresa, acumulou mais prêmios, como da FIESP, CNI, FGV, além de outros internacionais.
Volkmar ainda foi presidente da presidente da Associação Brasileira de Tratamentos de Superfícies (ABTS), da International Union for Surface Finishing (IUSF), Confederação Internacional de Tratamentos de Superfície (Interfinish), que trouxe para o Brasil. Auxiliou no desenvolvimento de 14 patentes. Deixa três filhos: Bardia, Arno Ett, Gerhard Ett, também um grande no setor.

Elia Isaia De Demo

Químico Industrial, antes de fundar a Dileta, em 1964, era supervisor de laboratório da general Electric (GE), onde conheceu o setor de tratamento de superfície. Com a Dileta, que hoje possui três unidades fabris, criou produtos inovadores, “como o Zinko Bright 77, que necessitava de uma síntese orgânica para a fabricação desse abrilhantador para zinco com cianeto. Foi a primeira síntese desse aditivo efetuada no Brasil (...) com um teor de cianeto bem mais baixo. Esse foi um grande marco. O segundo foi a fabricação de ácido nicotínico, pois devido ao custo na época, era mais viável fabricar esse ácido a partir da 3-cianopiridina que já importávamos. Tudo isso com maquinário desenvolvido e fabricado internamente”, por suas próprias palavras. Não parou aí, desenvolveu produtos no país que, antes, só eram acessados internacionalmente, como o nitrato de cromo e Benzelidene-Acetona, que chegaram a exportar. Criava e desenvolvia máquinas e equipamentos próprios, além de investir fortemente em pesquisa, sintetizando diversos aditivos. Suas duas filhas¸ Adriana e Valéria De Demo, foram ‘mordidas’ pelo bichinho da Dileta e ambas atuam na empresa, à qual darão continuidade. Elia trabalhou na Dileta desde sua fundação até a última semana, tinha 84 anos. 

O legado de ambos permanece, seja por meio dos filhos como por meio do mercado que ajudaram a desenvolver e a construir.