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ESG na prática – reuso das águas utilizadas no pré-tratamento de superfícies


TS 241Orientações Técnicas 15 de julho de 2024 | Por: Portal TS
ESG na prática – reuso das águas utilizadas no pré-tratamento de superfícies

Júlia Bitencourt Welter, Eng. Ambiental e Sanitarista, Dra. em Engenharia, e Pesquisadora de Meio Ambiente na Klintex Insumos Industriais julia@klintex.com.br

Estudo de caso de processo de nanoconversão mostra como uso de nanotecnologia aliado a bom planejamento podem ajudar o meio ambiente e economizar recursos, culminando em uma gestão de água e efluentes responsável e em acordo com os conceitos ESG

A popularização dos conceitos de ESG (do inglês, Environment, Social and Governance) trouxe maior conscientização sobre a importância de práticas sustentáveis na indústria e tem merecido destaque em praticamente todos os segmentos. Nesse contexto, as práticas de ESG têm sido utilizadas como um guia para a tomada de decisões rumo a um futuro mais sustentável. A busca pela chamada ‘liderança em sustentabilidade’ tem sido notícia nos meios de comunicação, trazendo ganhos de imagem para quem efetivamente adota essas práticas nas empresas.

ESG na prática – reuso das águas utilizadas no pré-tratamento de superfícies

Estudo de caso de processo de nanoconversão mostra como uso de nanotecnologia aliado a bom planejamento podem ajudar o meio ambiente e economizar recursos, culminando em uma gestão de água e efluentes responsável e em acordo com os conceitos ESG

Dentre os principais desafios ambientais, a gestão responsável dos recursos hídricos vem despontando como uma das principais preocupações, tendo em vista a relevância que a água possui como insumo em diferentes setores industriais, juntamente com a escassez hídrica enfrentada em diferentes lugares do país. Nesse cenário, práticas de reuso da água tornam-se imprescindíveis na contribuição da manutenção de corpos hídricos e na mitigação de impactos ambientais.

Além disso, reutilizar a água no próprio processo produtivo também promove a redução de seu consumo, gerando ganhos econômicos. A prática ainda permite um tratamento mais flexível dos efluentes gerados, uma vez que a água tratada será novamente incorporada no processo industrial, atendendo as exigências da própria indústria e não necessariamente do órgão ambiental (quando não houver descarte em corpos d’água). Por fim, ao adotar práticas de reuso da água, as empresas reduzem a dependência de recursos naturais e contribuem para um futuro mais justo e sustentável.

Sustentabilidade no tratamento de superfícies

O tratamento de superfícies desempenha papel crucial em diversos setores industriais, atuando como coadjuvante na proteção contra corrosão, decoração e até em melhorias estéticas. Entretanto, processos tradicionais podem vir a consumir grandes volumes de água, além de gerar resíduos potencialmente nocivos ao meio ambiente. É o caso de processos à base de fosfato que, além de consumir maiores quantidades de água, podem vir a gerar efluentes complexos e grande volume de lodo a ser destinado corretamente.

Assim, a busca por minimizar o uso de recursos naturais e reduzir a geração de resíduos promoveu o desenvolvimento de novas tecnologias. Nesse contexto, emergem os processos com base em nanotecnologia, capazes de melhorar a aderência de revestimentos posteriores e proteger contra corrosão, fazendo uso de banhos menos concentrados e ecologicamente adequados.

Em virtude disso, processos de nanoconversão podem vir a contribuir não somente com economia de água, mas também com efluentes de mais fácil tratabilidade. Dessa forma, práticas de reuso de água, além de necessárias do ponto de vista ecológico, trazem benefícios econômicos, como a redução de custos com captação, tratamento e distribuição.

Figura 1. Fluxograma do reuso de água na linha de pré-tratamento 

 

Apresentação de estudo de caso

Reconhecendo esses desafios, muitas empresas têm se dedicado à pesquisa e desenvolvimento de soluções inovadoras e que permitam uma prática industrial mais sustentável, alinhada com propósitos ambientais. Para este estudo de caso, usaremos como exemplo a empresa Metalúrgica Mor S/A, que está fazendo reuso quase total das águas empregadas em seu tratamento de superfícies.

A empresa processa cerca dois milhões de metros quadrados em peças por ano e, atualmente, reutiliza anualmente algo próximo de 140.000 m³ de água, descartando, ao final, somente 0,5% do volume total reutilizado, contribuindo de forma efetiva com o meio ambiente.

O feito se dá com a utilização da linha NANOTEX ZR®, da Klintex, baseada em nanotecnologia para pré-tratamento de superfícies de diferentes substratos metálicos, se valendo da troca iônica na recuperação da água.

A adoção da linha, juntamente com equipamentos e resinas da Tecnocom do Brasil, permitiu à empresa a reutilização completa de todas as águas geradas, assim como efluentes, nas etapas de desengraxe e nanoconversão no próprio processo produtivo, conforme o fluxograma representado na Figura 1, descrito abaixo.

De acordo com Samuel Lopes, supervisor de laboratório industrial da empresa, as peças passam inicialmente por desengraxe, seguindo para etapas de enxágue antes do banho de nanoconversão. A água utilizada no segundo enxágue (enxágue pré-nano) permeia pelo conjunto de resinas de troca iônica e, após tratada, retorna um total de 15 m³/hora ao próprio tanque de enxágue. Depois de limpas, as peças são processadas com produtos à base de sais de zircônio. Em seguida, o enxágue final é realizado pós-nano, empregando um novo conjunto de resinas para tratar 8 m³/hora de água desta etapa, que também retorna para o próprio tanque de enxágue.

Os conjuntos de resina de troca iônica são regenerados cerca de uma vez a cada mês. Todo o efluente gerado na regeneração é encaminhado diretamente para a estação de tratamento de efluentes (ETE) da empresa. Na ETE, é feito, inicialmente, um tratamento físico-químico primário com produtos básicos, visando ajuste de pH e remoção de sólidos suspensos e dissolvidos, além de cor e turbidez. Esse efluente é encaminhado para um sistema de reuso, composto por membranas de nanofiltração seguido de membranas de osmose reversa. Com isso, tem-se, ao final do tratamento, uma água de excelente qualidade, que retorna para a reposição dos banhos de desengraxe.

Anteriormente à utilização dos produtos à base de nanotecnologia, a empresa fazia uso de fosfatizantes e, em virtude de questões operacionais, como saturação do banho e alta geração de lodo, toda a linha produtiva tinha sua operação interrompida com frequência para limpeza dos tanques e troca dos banhos (aproximadamente 6 semanas), consumindo ainda mais água.

Após a adoção da nanotecnologia aliada à troca iônica, a interrupção da linha ocorre somente duas vezes por ano, com limpeza bem mais simplificada. Quanto ao banho à base de nanotecnologia, a troca é realizada apenas uma vez ao ano, utilizando-se da própria água tratada pelas resinas para montagem do novo banho.

A utilização de produtos amigáveis ao meio ambiente na linha de pré-tratamento, conjuntamente com a tecnologia para tratamento das águas dos enxagues, permitiu que a empresa tivesse uma economia de aproximadamente 700 m³/mês no consumo de água potável e a melhor qualidade dos 140.000 m³ que são reutilizados neste sistema.

Além disso, toda água excedente do tratamento na ETE da empresa atinge padrões de qualidade para descarte, se assim for necessário.

Integrar tecnologia de processos baseados em nanotecnologia, combinada com sistemas de troca iônica e ultrafiltração, resultou em uma redução significativa no consumo de água nos processos de pré-tratamento e pintura. Essa abordagem não só otimiza a eficiência operacional como também se alinha aos princípios ESG (Ambiental, Social e Governança), promovendo uma gestão mais sustentável e responsável do meio ambiente.

Dentre os principais desafios ambientais, a gestão responsável dos recursos hídricos vem despontando como uma das principais preocupações, tendo em vista a relevância que a água possui como insumo em diferentes setores industriais.

 

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