Uma introdução à técnica japonesa que ajudou o país a se reerguer (e a se tornar uma potência global) após a II Guerra Mundial
Mestre em Meio Ambiente, Engenheira Civil e de Segurança do Trabalho e Especialista em Sistema de Gestão – QSMA.
Atravessamos um período desafiador nos últimos meses. Na verdade, estamos atravessando períodos com mudanças e desafios, onde o lema tem sido ‘um dia, de cada vez’, pessoal e profissionalmente. Não sabemos se é o meio de uma crise, não temos noção de até onde tudo nos levará. Embora sejam percebidas diferentes proporções nos efeitos já sofridos pelas organizações dos mais diversos segmentos, há muito o que se dizer e contabilizar sobre os impactos: redução de produção, trabalho home-office, suspensão de contratos, isolamento dos colaboradores do grupo de risco, queda de faturamento, auditorias remotas, distanciamento de clientes, remodelagens de liderança e tanto mais...
Trago à reflexão a simplicidade de um modelo desenvolvido no Japão, logo após a Segunda Guerra Mundial, que objetivava auxiliar na reestruturação do país e reorganizar suas indústrias: os ‘Cinco Esses’. As técnicas do ‘5S’ foram expandidas rapidamente pelas indústrias do Ocidente, pela simplicidade de aplicação, com foco em evitar desperdícios e resolver os efeitos da guerra. Ainda nos dias de hoje, a metodologia é aplicada em novos ambientes, com eficiência e eficácia.
É possível fazer uma analogia da necessidade de sermos criativos na crise e pensarmos na qualidade de nossos processos produtivos, de forma simples e objetiva, como é possível agora.
Espalhados pelo mundo afora desde a década de 1950, os ‘Ss’ japoneses trouxeram benefícios: Seiri (Utilização), Seiton (arrumação), Seiso (Limpeza), Shitsuke (Disciplina) e Seiketsu (Saúde e Higiene), inclusive como base para a implantação de sistemas de gestão da qualidade.
Para ir adiante
Philip Crosby define qualidade como conformidade às especificações. Partindo desse conceito, não é possível nos distanciarmos da qualidade como premissa de nossos produtos e serviços. No mínimo, precisamos seguir atendendo ao que propomos entregar. Nas pontas, como entrada que abre o processo de venda, temos um cliente determinando o que deseja de nós; na entrega, esse cliente recebendo o que foi acordado. Nos processos de toda a organização, a qualidade precisa ser o viés que dá o tom aos colaboradores, lideranças, partes interessadas, infraestrutura e todos os atores que influenciam a existência organizacional. Diante de tantas mudanças, em grande parte dos fluxos de trabalho, motivadas por questões internas ou externas, uma pergunta paira no ar: ‘E agora, gestão da qualidade?’
Agora, mais do que nunca, é a hora de interpretar o conceito, trazê-lo para permear todos os processos, conduzi-lo como valor e torná-lo cultura organizacional.
Para viabilizarmos melhorias no meio do caos ou entre tantos desafios, talvez nossa criatividade será crucial para transformar conhecimento em habilidade e nos levar a novas metodologias de trabalho tão simples e funcionais como fez o Japão com os ‘5S’. Afinal, antes de tudo, é preciso saber aonde queremos chegar, ter metas e, a partir de resultados mensuráveis, analisar, dia a dia, nossos resultados para que estejamos aptos a redesenhar o que for necessário, com foco na qualidade. Não importa quantos sensos serão necessários para nos guiar. Organizações, lideranças e liderados, avante na criatividade e na fé!
Acesse o conteúdo original Publicado na revista Tratamento de Superfície, edição 220, página 25-25