O empresário Rafael Cervone, vice-presidente da FIESP/CIESP, apoia a revitalização do Mercosul e alerta que o Brasil precisa fazer as reformas estruturantes, necessárias para o fomento da indústria nacional.
Rafael Cervone, vice-presidente da FIESP/CIESP (Federação e Centro das Indústrias do Estado de São Paulo) e candidato da Chapa 2 à presidência deste nas eleições de 5 de julho, salienta ser fundamental restabelecer a competitividade e ampliar a participação do setor no PIB brasileiro, revertendo a curva de queda verificada nos últimos anos. O mesmo se aplica no contexto do Mercosul, no qual também há problemas, inclusive provocados pela falta de entendimento entre os países-membros.
"No Brasil, a indústria representa 21,4% do PIB, responde por mais da metade das exportações de bens, 69,2% do investimento empresarial em P&D, 33% da arrecadação de tributos federais e 31,2% da previdenciária patronal. Além disso, emprega 20,4% de todos os trabalhadores brasileiros, paga os melhores salários, é o ramo que mais gera impactos em cadeia, mais paga impostos e mais promove a difusão de tecnologia e produtividade, segundo dados do próprio IBGE.
Imaginem se nossa participação no bolo da economia fosse ainda maior", pondera.
Quanto à competitividade, Cervone cita um dado emblemático: estudo do Movimento Brasil Competitivo (MBC) revelou que produzir no Brasil custa anualmente R? 1,5 trilhão a mais, cerca de 22% de nosso PIB, do que na média dos países membros da Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE). "Está claro que precisamos das reformas tributária e administrativa, para reduzir impostos e o peso do Estado, menos burocracia, mais segurança jurídica e um arcabouço legal mais contemporâneo, que reduza o famigerado Custo Brasil", pondera Cervone, acentuando que, além dessas lições de casa internas, seria importante a revitalização do Mercosul. "A soma de esforços dos países signatários nos daria força para inserção mais competitiva no mercado global".
Nesse sentido, um aspecto muito importante para Cervone é a maior integração das cadeias regionais de valor no contexto do Mercosul, possibilitando ganhos de escala e complementariedade no processo produtivo, reduzindo a dependência de outros países, ampliando a competitividade e viabilizando o ingresso de número maior de indústrias no comércio exterior. Para ele, esse é um avanço primordial para o futuro do bloco.
Também significativas são as sugestões contidas na declaração conjunta do Conselho Industrial do Mercosul, alusiva ao 30º aniversário do bloco. O documento, assinado pela CNI e as entidades congêneres da Argentina, Paraguai e Uruguai, apresenta seis sugestões para agenda de trabalho do bloco: estabelecer condições para impulsionar a estabilidade e o crescimento econômico; assumir e implementar compromissos que tornem realidade o livre-comércio intrabloco; estimular a aproximação e a convergência regulatórias; internalizar regras e acordos pendentes; potencializar a participação do setor privado no Mercosul; não adotar nenhuma decisão que implique modificar ou revisar a Tarifa Externa Comum e/ou o Regime de Origem do Mercosul sem o conhecimento e a oportunidade de o setor empresarial e privado expressar sua opinião.
"O Mercosul tem perdido relevância, numa clara evidência de que a falta de sinergia e coesão entre os países signatários faz com a economia de todos enfraqueça", pondera Cervone, concluindo: "O alerta é claro quanto à necessidade de somar, como estão fazendo as entidades representantes da indústria do Brasil, Argentina, Paraguai e Uruguai. Precisamos fazer isso em nosso próprio país e no bloco, de modo que o setor ganhe musculatura para enfrentar a concorrência global, que aumentou muito na pandemia".