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Cromação em termoplásticos


Orientações TécnicasTS 227 22 de janeiro de 2022 | Por: Portal TS
Cromação em termoplásticos

A diminuição do custo é uma das grandes vantagens da cromação em materiais termoplásticos 

 

Cromação em termoplásticos: alguns pontos importantes a destacar 

Confira dicas para se ter um produto com acabamento de maior qualidade, beleza e resistência

 

Alexandre Barbieri
Analista de Inteligência de Mercado na Wadyclor Cromadora de Peças Plásticas Ltda.

 

 

Amplamente utilizada pela Indústria devido às excelentes propriedades que oferece para proteger os metais da corrosão, a cromação de peças se tornou sinônimo de beleza e estética para os mais variados produtos. Materiais cromados parecem nunca sair de moda e basta procurar para perceber que eles estão presentes nos mais diferentes lugares em nosso dia a dia; é o caso de superfícies de peças que serão muito manipuladas e que podem sofrer arranhões, como maçanetas ou acabamentos de registros, por exemplo. A aplicação do cromo aumenta consideravelmente a proteção desses itens, além de torná-los mais bonitos e bem-acabados.

No caso da cromação em materiais termoplásticos, temos outra grande vantagem: a diminuição do custo do produto acabado. Devido ao termoplástico permitir uma melhor conformação em variadas formas geométricas, cria-se, com essa matéria-prima, uma infinidade de peças de acabamento com características metálicas muito bem definidas. Vários fatores, tais como a maior velocidade de produção do componente, o menor custo de operações intermediárias de acabamento e o menor custo da matéria-prima (se comparada a outros materiais como o latão, ferro, alumínio, etc.), contribuem para tornar a cromação em termoplásticos uma excelente opção para obter produtos mais bonitos e mais baratos.

No entanto, em função desse material não ser condutor de corrente elétrica, a preparação para a eletrodeposição dos metais em sua superfície requer a realização prévia de uma série de passos. O objetivo é tornar o material termoplástico apto a conduzir corrente, para que possa receber os recobrimentos metálicos com finalidades funcionais ou decorativas. Cada passo desse ciclo anterior à eletrodeposição deve ser cuidadosamente controlado para que se obtenha bons resultados no acabamento do produto final. A qualidade e o desempenho de um produto termoplástico com uma ou mais camadas de metais eletrodepositados depende, em parte, de todos os processos realizados antes de seu recobrimento.

 

O melhor preparo de acordo com o material

Para saber qual é o preparo prévio necessário para o seu material, é importante conhecer as propriedades dos diferentes termoplásticos cromáveis. O desenho e a forma de moldar desse tipo de produto também são aspectos importantes a se considerar antes de recobri-lo por eletrodeposição. No caso do ABS, por exemplo, existe uma estreita relação entre os parâmetros de injeção e a aderência que será obtida pela camada de metal a ser depositada no produto. 

O ABS de uso geral (Acrilonitrila-Butadieno-Estireno) é muito usado para aplicações comerciais de pequenas peças para fins decorativos. A versatilidade e a facilidade de seu processamento permitem a criação das mais variadas formas de peças, com custos compatíveis às necessidades do mercado. Além de apresentar uma boa durabilidade, o ABS permite uma excelente adesão e brilho superficial das camadas de metal depositadas. 

No entanto, uma limitação ao tratamento de superfície desse tipo de material é o tamanho do produto. Uma vez que os coeficientes de dilatação do termoplástico e dos metais depositados em sua superfície são diferentes, uma peça muito grande pode sofrer problemas de aderência quando submetida a grandes variações de temperatura. Peças da indústria automobilística, por exemplo, requerem um ABS de alta performance, que apresenta um coeficiente de expansão linear mais baixo, permitindo a peças grandes e com formas mais complexas suportar melhor aos requisitos de ciclos térmicos. 

Para usos especiais e peças que devem ser submetidas a temperaturas superiores a 80 °C, a literatura indica ligas como o ABS-Policarbonato. Outros materiais também podem ser utilizados com finalidades específicas, como por exemplo a Poliamida, utilizada principalmente em maçanetas de automóveis, ou a Polyarylamide, mas requerem uma tecnologia ainda cara para o revestimento galvânico, devido à baixa escala de uso. 

A representação da ligação química do ABS

 

A qualidade do material é fundamental

Independentemente do tipo de termoplástico utilizado, a qualidade do material é fundamental para obter melhores resultados. Em nossa experiência, muitas vezes nos deparamos com usuários que tentam diminuir seus custos de produção sacrificando a qualidade do termoplástico que utilizam. Sabemos que essa economia não funciona, e que a utilização de um material novo e adequado é primordial para se obter um acabamento mais bonito e duradouro. 

 

Muitos clientes perguntam se vale a pena reduzir custos com a reutilização dos canais e bicos de injeção para moldar novas peças

 

Na realidade, o revestimento aplicado costuma ser muito mais caro do que a própria produção do material que receberá o tratamento. Logo, se o mesmo não tiver boa qualidade para ser revestido, o índice de rejeito na galvanoplastia aumentará muito, e a aparente economia no custo do termoplástico poderá se transformar em um grande prejuízo no custo final do produto.  Além disso, mesmo que esses produtos não apresentem defeitos logo após a cromação, as falhas poderão surgir mais facilmente quando o produto estiver nas mãos do consumidor final, o que pode ser danoso para a imagem da empresa. 

Os principais defeitos causados pela utilização de materiais inadequados são: bolhas (devido à falta de aderência), falhas da camada depositada (devido à má distribuição do Butadieno na superfície), peças quebradiças (causadas por falta ou excesso dos componentes do termoplástico), e peças batidas ou riscadas (pela necessidade de passar a peça na linha de preparação várias vezes para conseguir depositar o filme condutor de corrente elétrica). 

Reutilização de materiais

Com o intuito de reduzir custos, muitos clientes nos perguntam sobre a reutilização dos canais e bicos de injeção para moldar novas peças. A experiência tem nos mostrado que adições não maiores que 5% desse material ao material novo não interferem na qualidade final do produto, mas não devemos reciclar os canais e os bicos provenientes dessa adição. 

Peças desplacadas não devem ser moídas e utilizadas para a injeção de produtos que serão cromados, sob o risco de apresentarem um resultado final de baixa qualidade. A utilização de pigmentos no termoplástico também é danosa ao processo de revestimento, pois alguns deles são atacados pelos banhos de preparação da superfície a ser revestida, causando buracos nas peças, enquanto outros interferem negativamente na aderência do filme condutor de corrente elétrica, afetando todo o recobrimento metálico.

É importante ressaltar que desmoldantes são danosos ao processo de cromação. A maioria dos desmoldantes comerciais possuem silicone, um material de difícil desengraxe que adere à superfície da peça e não permite o ataque ácido que ocorre no processo de preparação da superfície para a deposição do filme condutor. 

Para evitar o uso de desmoldantes, recomendamos um bom polimento no molde e, se possível, usar a niquelação química, que melhora a fluidez do material na injeção, ajuda na desmoldagem e confere ao molde uma grande durabilidade.

Conhecendo bem o termoplástico a ser cromado, e seguindo essas dicas, o resultado deverá ser um material com acabamento de maior qualidade, beleza e resistência, o que evitará retrabalhos e prejuízos para o seu negócio e contribuirá para a credibilidade de sua empresa junto ao seu consumidor final. 

 

Além da proteção anticorrosão, a cromação de peças se tornou sinônimo de beleza e estética para os mais variados produtos

 

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