A qualidade de produto é uma das maiores preocupações na atividade industrial. Em meados do século passado o interesse e preocupação pela qualidade e constância dos produtos industrializados foram de uma forma tão importantes que levaram os maiores produtores mundiais de manufaturados estabelecerem como objetivo principal, aumentar o nível de qualidade de seus produtos como fator de diferenciação.
Na atualidade não se admite uma estratégia empresarial ampla, sem ênfase total na melhoria contínua focada nos aspectos qualitativos, tanto econômico quanto funcionais, de produtos e serviços abrangendo aos interesses de clientes, funcionários, acionistas e comunidade, com mínimo impacto ao meio ambiente.
A estratégica em questão deve focar prioritariamente na satisfação dos clientes atendendo às suas expectativas, como também selecionar atividades que preservem os direitos de funcionários através de operações em ambientes seguros, abrangendo também aos interesses da sociedade como um todo.
Deve a empresa também estar voltada ao bom desempenho da corporação a fim de atingir a lucratividade projetada a proprietários e acionistas, assegurando assim o boa saúde e perenidade do negócio.
A condução de uma eficiente política voltada à qualidade assegurará que produto ou serviço não fiquem desatualizados e nem sofram ataques de concorrentes com insumos mais baratos ou de menor desempenho, garantindo assim o sucesso e a sobrevivência da empresa.
Importante afirmar que dentro de uma instituição moderna e habituada ao sucesso, o conceito de Qualidade deve ser o mais amplo possível abrangendo toda a corporação, resultando assim, em uma real mudança cultural em suas atividades.
A ferramenta denominada de Controle de Qualidade é uma função gerencial e da liderança e utilizada para verificação dos padrões relacionados a produtos, processos e serviços, prevenindo a ocorrência de falhas e defeitos.
O controle de qualidade pode ser definido como um conjunto de procedimentos de acompanhamento fabril realizados para garantir que um produto manufaturado ou serviço executado atenda a um conjunto definido de critérios ou valores padronizados, antes, durante e após a fabricação, garantindo assim a satisfação do cliente em conformidade com os regulamentos pré-estabelecidos.
Para atingir aos objetivos definidos, a organização deve identificar as variáveis que afetam a qualidade resultando assim em ações e procedimentos de medição do desempenho de insumos utilizados, equipamentos e operações.
Desta forma, a garantia de qualidade está amparada em especificações pré-estabelecidas no sentido de assegurar uma manufatura contínua eficiente dos artigos, atendendo às demandas de mercado, a vida útil estabelecida aos mesmos, a custos definidos.
A garantia de qualidade pode ser interpretada como tendo dois pilares representados por duas funções importantes, ou seja, a primeira o de identificar as causas que levam ao mau funcionamento, rejeições, retrabalhos, refugos gerados e falhas em geral, estabelecendo as medidas necessárias para prevenir e eliminar estes aspectos negativos.
O outro pilar é o da função de melhoria contínua que pressupõe pesquisas e analise de reclamações e benchmarking estabelecendo correções associadas com novas métricas e metas que possam atender às agora definidas.
Assim sendo, recomenda-se dividir as atividades em três conjuntos, ou seja, a de alta prioridade que envolverá a todos dentro da organização no sentido de rapidamente atingir aos padrões pré-estabelecidos.
O segundo conjunto de médio prazo será o de planejar melhorias pontuais em equipamentos e procedimentos no sentido de elevar o padrão atual de qualidade e atendimento sem geração elevada de custos.
O terceiro item será o de planejar novos produtos e processos os quais possam elevar em um estágio superior os atuais requisitos de mercado, inibindo a ação de novos entrantes, garantido a satisfação dos atuas e novos clientes, com melhoria na produtividade e lucratividade no negócio.
É importante lembrar que existem enormes oportunidades de melhoria dentro de todos os processos industriais, porém a grande maioria deles está oculta passando desapercebida da grande maioria dos envolvidos sendo a sua identificação, considerada por mim como uma ciência fundamental e necessária em qualquer atividade.
No segmento de tintas, principalmente as industriais, é imperativo entender perfeitamente as necessidade e especificações do cliente a fim de poder desenvolver um produto que atenda com consistência as suas expectativas. Neste particular os investimentos em pesquisa e desenvolvimento são fundamentais para garantir um produto diferenciado, estável e confiável.
Uma vez definida a tecnologia que se traduz em matéria prima, produto, processo de fabricação, distribuição e atendimento ao processo produtivo do cliente, deve-se planejar detalhadamente o sistema de qualidade e controle de cada etapa acima citada.
Inicia-se com a escolha da criteriosa da matéria prima e intermediários a utilizar e seus fornecedores. Estes devem ter um sistema de produção e controle de qualidade consistente e de fácil rastreamento no caso de alguma divergência, capazes de tomarem ações corretivas ágeis e seguras.
É importante afirmar que em geral as tintas e vernizes são composições onde estão presentes inúmeras matérias primas e intermediários, além dos processos físico-químicos que ao mínimo desvio poderão decretar um problema significativo e de difícil identificação da causa, na ponta final desta enorme cadeia produtiva, ou seja, na linha do cliente.
Assim sendo o controle fino e registro de todas as atividades, produtos, intermediários e processo resultará em um insumo final confiável.
A segunda etapa está relacionada ao processo de fabricação das tintas e vernizes. Todos os detalhes são importantes nesta fase, com a escolha correta dos equipamentos fabris, treinamento dos colaboradores e atenção aos requisitos físico-químicos de todos os procedimentos envolvidos. Contaminações e perdas por desperdício são causas comuns de não conformidades.
O registro de todos os paramentos operacionais e análises químicas intermediárias será fundamental para a perfeita condução de uma produção satisfatória.
A qualidade aceitável com reprodutividade e repetividade entre lotes serão condições vitais e fundamentais para o bom atendimento ao cliente.
Outro item de extrema importância que pode destruir um bom trabalho de fabricação e dar fim a um ótimo produto é o processo final de filtragem, embalagem, armazenamento e envio ao cliente final.
Sujidades, sedimentação, deterioração por temperatura errada de armazenagem, prazo de validade vencido, entre outras, são algumas vezes negligenciadas e causam enormes transtornos na linha final de pintura no cliente.
Portanto um controle sistemático das condições faz parte de um planejamento eficiente de controle de qualidade em determinado insumo, tão sensível como as tintas.
Finalizando citamos uma frase do guru da Qualidade, Joseph Juran a qual sintetiza muito dos conceitos acima citados, dizendo:
“Não é suficiente fazer o seu melhor; primeiro é preciso saber exatamente o que fazer, para depois dar o seu melhor”.
(Nota: Este artigo foi escrito e editado em Dezembro de 2018 - edição 212 da revista Tratamento de Superfície).