Bacharelado e Licenciatura em Física, e Doutora em Físico-Química, pela USP, especializada em corrosão. Pesquisadora do Instituto de Pesquisas Tecnológicas – IPT. Assume, neste mês, a presidência da Associação Brasileira de Corrosão. Atualmente, se dedica à organização do ICC INTERCORR WCO 2021, o maior evento mundial de corrosão (https://abraco.org.br/icc-congress2021)
Conheça um pouco mais da Dra. em Físico-química, especializada em corrosão: “Temos que pensar em inovação com o foco em sustentabilidade e em economia circular, não esquecendo dos materiais avançados e alternativos”
O Dia Internacional das Mulheres é 8 de março; muitas delas engrandecem o setor de superfície com seu trabalho, conhecimento e visão feminina do negócio. São essas guerreiras que o Portal TS quer homenagear neste ano. Conheça um pouco da história de Zehbour Panossian (Zepir). “Nasci no Líbano e vim para o Brasil com menos de 10 anos. Sempre quis estudar e progredir. Não foi difícil chegar até o segundo grau e aí minha família aconselhou-me a fazer o curso técnico de química industrial e eu acatei. Antes de acabar o curso, passei para o curso noturno e arranjei um emprego numa empresa de galvanoplastia. Daí não deu para sair mais desse setor. Muito trabalho e dedicação! Enquanto estava na indústria, passei no vestibular da USP e frequentei o Instituto de Física. Logo em seguida fui fazer pós-graduação no Instituto de Química, também da USP. Em 10 anos, consegui o título de bacharel em física, licenciada em física e doutora em físico-química. Trabalhei na indústria de galvanoplastia (enquanto fazia o primeiro curso de física) por 6 anos e depois fui para o IPT. Ingressei para o doutorado no primeiro ano que entrei no IPT. Estou lá até hoje, trabalhando com corrosão e proteção contra corrosão, e posso garantir que foi a escolha perfeita. Amo a minha instituição”.
Qual você considera a sua maior contribuição para o setor de Tratamento de Superfície?
Durante toda a minha vida profissional, me envolvi com vários projetos de pesquisa que ajudaram muito a abrir as fronteiras do meu conhecimento. No entanto, o que considero como a minha maior contribuição para o setor de Tratamento de Superfície é a série de artigos de revisão para o setor de Tratamento de Superfície, com destaque em eletrodeposição, que publiquei na Revista Tratamento de Superfície (publiquei em todos os números da revista por mais de 10 anos). O conteúdo dessas revisões ajudou muitos profissionais do setor, fato que constatei pelas inúmeras mensagens que recebi. Eu acho que com isso contemplei as duas coisas que mais gosto: ser pesquisadora e ajudar pessoas.
Como enxerga o papel das mulheres em setores-chave da economia? E na Indústria, em especial?
Sem dúvida nenhuma, nós, as mulheres, estamos presentes cada vez mais como profissionais de poder de decisão em vários setores da economia, incluindo o setor industrial. Mas ainda enfrentamos toda a tradicional problemática de exclusão de gênero. Temos ainda muito o que conquistar. No entanto, eu sempre digo que depende muito de nós. Se temos a capacidade, temos que criar a autoconfiança, ingrediente indispensável para o sucesso. Temos a capacidade de execução de multitarefas a nosso favor. Eu nunca, me preocupei com esse assunto, como disse um amigo uma certa vez: você engata a primeira e vai. É isso aí. É difícil para nós mulheres e para todos, principalmente no atual cenário caótico, globalizado e altamente competitivo. Engate a primeira e vá, confie em você!
Como enxerga o futuro do Tratamento de Superfície?
Já no passado, este assunto me encantava. Já me falaram que há muito menos rotatividade de trabalhadores na indústria de tratamento de superfície do que na construção civil. Sabem qual a razão? O pedreiro levanta a parede e não vê o acabamento, é substituído pelo pintor e azulejista. O profissional do setor de pintura industrial ou de uma galvanoplastia começa com uma peça cheia de graxa e acaba com outra toda reluzente… Acho que dá para entender. E para o futuro, o encantamento continua. Temos muito o que fazer tanto no setor de pintura como no de revestimentos metálicos. Temos que pensar em inovação com o foco em sustentabilidade e em economia circular, não esquecendo dos materiais avançados e alternativos. Esse setor tem muito a evoluir. Nos dois primeiros focos, temos um amplo campo de redução do uso de substâncias tóxicas (por exemplo solventes, cianetos e cromo hexavalente), e da produção de efluentes e resíduos industriais. Em novos materiais, temos um amplo campo da nanotecnologia, com destaque do grafeno, sem falar no uso de materiais produzidos por meio do reaproveitamento dos resíduos industriais.