A aposta do Governo Trump para fazer crescer a economia estadunidense, sua fragilidade, e em como ela impacta diretamente em todo o mundo
Autor: Ricardo Amorim*
Em setembro, a taxa de desemprego nos EUA caiu para 3,5%, a mais baixa dos últimos 50 anos. Ótima notícia, certo? Sim... e não. Considerando-se o estado presente da economia, claro que a notícia é boa, mas....
A Europa talvez já esteja se aproximando de uma recessão. O crescimento da produção da indústria na China em agosto foi o menor desde 2002. Dos três grandes motores da economia mundial, apenas o americano, o mais forte dos três, continua firme.
Aí é que a taxa de desemprego mais baixa desde 1969 torna-se uma má notícia. Todas às vezes em que a taxa de desemprego americana cai a níveis muito baixos, pouco tempo depois, a economia entra em recessão e o desemprego sobe rapidamente. Isso não acontece só nos EUA, mas em todos os países do mundo. A economia, assim como as estações do ano, é cíclica.
Ninguém sabe precisamente por quanto tempo ou quanto mais a taxa de desemprego ainda pode cair antes que a recessão venha. Com o mais acelerado processo de inovação e automação da história ocorrendo agora, esse ciclo de expansão econômica pôde ser o mais longo dos últimos 70 anos. Por conta dele, mesmo com desemprego muito baixo, os salários e a inflação não subiram, permitindo que o juros também não subissem significativamente, evitando uma forte contração de crédito, que muitas vezes é o que põe fim ao crescimento econômico. Com isso, o desemprego pôde cair mais desta vez e, provavelmente, pode cair ainda mais. Ainda assim, se a História ensina algo, estamos muito mais próximos do fim do que do início desta fase de expansão econômica.
Rolar dos dados
A preocupação se compõe pelo provável recrudescimento da guerra comercial americana com a China e o México. Jogar duro com chineses pode ajudar Trump na corrida eleitoral. Por outro lado, ele sabe que a guerra comercial freia a economia americana, mas aposta que a freada será compensada por uma aceleração monetária – o Banco Central dos EUA está cortando a taxa de juros – e também fiscal. O déficit do governo americano neste ano passou de US$ 1 trilhão. Ano que vem, crescerá ainda mais.
Pode ser que a estratégia de Trump dê certo. Se a próxima recessão americana chegar depois das eleições de novembro de 2020, as chances de reeleição de Trump serão significativas. Por outro lado, qualquer um que já tenha tentado dirigir um carro com um pé no freio e outro no acelerador sabe que o risco de perder o controle não é pequeno. Se a economia americana derrapar, o mundo inteiro sentirá a trombada.
*Ricardo Amorim, autor do bestseller Depois da Tempestade, apresentador do Manhattan Connection da Globonews, o economista mais influente do Brasil segundo a revista Forbes, o brasileiro mais influente no LinkedIn, único brasileiro entre os melhores palestrantes mundiais do Speakers Corner, ganhador do prêmio Os + Admirados da Imprensa de Economia, Negócios e Finanças, presidente da Ricam Consultoria e cofundador da Smartrips.co e da AAA Plataforma de Inovação.
Gráfico: Divulgação Ricam
Fotos: Dilvulgação Ricam e Reprodução web
Apertem os cintos... um pé no freio, outro no acelerador
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