Desburocratização e uma sugestão para reduzir ociosidade de equipamentos e linhas de produção também foram abordadas hoje por empresários do setor.
Em reunião virtual na tarde desta terça-feira (25/5) com empresários da Zona Leste da capital paulista, Rafael Cervone, vice-presidente da Federação e Centro das Indústrias do Estado de São Paulo (FIESP/CIESP), informou que o tema principal de encontro matinal de representantes do setor, depois de amanhã, dia 27, com o ministro Paulo Guedes, da Economia, será a abertura unilateral do comércio exterior preconizada pelo governo. "Não há condições para isso no momento", ponderou.
Cervone salientou ser falsa a impressão das autoridades de que o problema da competitividade da indústria já estaria solucionado.
"Conforme já tenho mostrado ao ministro Paulo Guedes, produzir no Brasil custa R? 1,5 trilhão a mais por ano do que na média das nações da OCDE (Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico), segundo mostra estudo do Boston Consulting Group, do qual participaram diversas entidades de classe".
Nessa conta, explicou o dirigente da FIESP e do CIESP, os tributos são responsáveis por diferença de R? 270 bilhões e os encargos com a folha de pagamentos, R? 300 bilhões. "Portanto, é impossível reduzir taxas e impostos de importação enquanto tivermos essa imensa diferença e leis anacrônicas, como a trabalhista, que garante o emprego, mas não o trabalho", ponderou, enfatizando:"Há necessidade das reformas tributária e administrativa, mais segurança jurídica, câmbio equilibrado e acesso a crédito com juros mais baixos, dentre outras medidas, para que se reduzam as disparidades do grau de competitividade da indústria brasileira com a dos países com os quais competimos".
Desburocratização e união das indústrias
Na reunião virtual desta tarde, Habdo Hadade, vice-presidente do CIESP e diretor-titular do Comitê de Desburocratização da FIESP, acrescentou que a simplificação das exigências do Estado é decisiva para a agenda da competitividade. Lembrou que Rafael Cervone, membro do colegiado, o representou em encontro da OCDE em Paris, "fazendo gestões para a vinda ao Brasil, pela primeira vez, do secretário-geral desse organismo, que apresentou valiosas sugestões".
Cervone revelou que o comitê dirigido por Hadade já apresentou 189 propostas de desburocratização ao governo, a maior parte já implementada. "Essas medidas são importantes para redução do Custo Brasil e melhoria da competitividade da indústria nacional".
O empresário Cláudio Lorenzetti apresentou sugestão no sentido de que o CIESP, cuja rede tem mais de sete mil associados, seja o polo de um processo de interação entre as indústrias, no sentido de que as empresas possam aproveitar equipamentos e/ou linhas de produção de outras que estejam com elevada capacidade ociosa. "Esse processo colaborativo contribuiria para manter as atividades neste momento ainda difícil da pandemia", frisou, recebendo aprovação da ideia por parte de Cervone.
Tomando como base a sugestão dada por Lorenzetti, Abdo Hadade ressaltou a importância de o CIESP e a FIESP manterem-se unidos após as eleições para as respectivas novas diretorias, que serão realizadas em 5 de julho próximo. "Outro exemplo da necessidade dessa coesão refere-se ao Sesi-SP e ao Senai-SP, vinculados à FIESP, mas essenciais para os associados do CIESP, que são as indústrias, às quais essas instituições de ensino prestam serviço fundamental".
A relevância da sinergia entre as duas casas também foi enfatizada pelos empresários Cláudio Lorenzetti, Demétrio Zacharias, Leonardo Ugolini e Paulo Schoueri. Cervone, que é candidato à presidência do CIESP pela Chapa 2, explicou que concorre a primeiro-vice-presidente na chapa única da FIESP, encabeçada por Josué Gomes. "E ele é o meu primeiro-vice no CIESP. Esta composição atende ao anseio da maioria dos industriais pela unidade das casas", afirmou, concluindo: "A Chapa 2 tem representatividade nas 42 diretorias regionais e distritais do CIESP, incluindo a da Zona Leste da Capital. A renovação é de 52% dos membros e há elevada participação de mulheres, jovens empreendedores, pequenos e médios industriais".