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A SUBSTITUIÇÃO DE SOLVENTES ORGÂNICOS EM TINTAS


Artigo Técnico 12 de setembro de 2021 | Por: Nilo Martire Neto
A SUBSTITUIÇÃO DE SOLVENTES ORGÂNICOS EM TINTAS
 
Consultor, Eritram Coatings

O presente artigo é uma republicação da Orientação Técnica, o original foi publicado na Edição 95 da Revista Tratamento de Superfície - Maio/Junho 1999 - Página 6 

 

Tem-se observado no seguimento industrial brasileiro, crescente aumento no uso de tintas a base d’água, de alto sólidos ou a pó. Empresas da chamada linha branca produtoras de geladeiras e lavadoras bem como algumas das novas montadoras automotivas, optaram por estes novos produtos.

Os novos projetos de instalação de pintura já levam em consideração o uso de tintas a base d’água, desta forma espera-se que em um breve período de tempo grande parte dos usuários de tintas acabem por optar por esta nova tecnologia.

Em termos genéricos pode-se afirmar com dados de 1998 quando o artigo foi escrito mas próximos dos valores atuais, aproximadamente 53% das tintas industriais são de tecnologia de baixo teor de sólidos; 15% a base d’água; 10% tintas a pó, 7% de alto sólidos sendo o restante divididos em outras tecnologias.

A pressão quanto ao de uso de certas matérias primas está cada vez maior face à consciência de toda a cadeia envolvida na eliminação de produtos tóxicos que possam inclusive alterar a quantidade de ozona existente nas camadas tropo e estratosféricas, além de afetarem diretamente o homem e meio ambiente.

Apesar de que tintas e vernizes não serem os produtos que mais emitem voláteis orgânicos elas contribuem para agravar a situação futura de poluição ambiental. Alguns solventes contidos nas tintas quando em estado vapor reagem pela ação fotoquímica com os óxidos de nitrogênio afetando o equilíbrio de ozona na atmosfera abaixo dos 10.000 metros.

A representação clássica é dada pela seguinte fórmula:

 Luz solar.                      

VOC + NOx ------------- → Maior Nível de Ozona

Algumas siglas em inglês começam a ser citadas em artigos sobre este tema e também estão começando aparecer em versões mais recentes das especificações técnicas, com o objetivo de controlar e restringir o uso de solventes. Uma destas siglas é a VOC que significa conteúdo de voláteis orgânicos. A outra mencionada é a HAPs, que significa poluentes prejudiciais à atmosfera.

Os formuladores de tintas deparam agora com grande dificuldade para eliminar de suas formulações solventes tais como, certas cetonas, alguns hidrocarbonetos aromáticos ou ainda, glicóis, álcoois e acetatos. Encontrar substitutos de menor risco ou utilizar água como o principal diluente, requer um aporte muito grande de recursos, além de tecnologia específica.

A outra alternativa que vem sendo muito considerada é a de captar as emissões, reciclando-as ou incinerando-as, o que não é, convenhamos, uma operação nada barata.

Algumas das tecnologias mais desenvolvidas e já em uso, como é o caso das tintas de eletrodeposição catódica, já utilizam os sistemas chamados de “stripping” que extraem solventes das resinas, substituindo-os por pura água. Um grande número de estufas industriais de polimerização já existentes em nosso país, captam os solventes e os utilizam na geração de energia de cura tornando desta forma, um sistema mais amigável com o meio ambiente Também apresentam de alguma forma certa economia pela redução de combustível.

Apesar do grande trabalho envolvido não há grandes perspectivas para os próximos anos na substituição total dos solventes orgânicos em vernizes, lacas e esmaltes sintéticos. O amplo espectro de uso destes produtos não permitirá uma substituição total, necessitando desta forma que sejam encontrados neste ínterim, solventes alternativos.

Para termos uma exata idéia do que representa o esforço em substituir solventes orgânicos em uma determinada formulação, as lacas nitrocelulose ou acrílicas podem conter 60% de solventes do tipo esteres, cetonas, glicóis, hidrocarbonetos e álcoois. Já no caso dos esmaltes à estufa estes podem conter 30% de hidrocarbonetos, álcoois e glicóis.

Desta forma conforme podemos imaginar face às dificuldades acima citadas, acreditamos que para a próxima década os solventes orgânicos continuarão a ter um papel muito importante na tecnologia de fabricação e aplicação de tintas, porém com seu uso fortemente reduzido para aumentar e preservar o bem estar de toda a humanidade.

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