Presidente-executivo da ABIQUIM, Ciro M. Marino, é realista ao detalhar o cenário atual da indústria química no Brasil e traz números e propostas claras para enfrentar os desafios do setor
Ciro M. Marino atua no conselho diretor da ABIQUIM há 15 anos Atuando como membro do conselho diretor da ABIQUIM (Associação Brasileira da Indústria Química) há 15 anos, Ciro M. Marino foi recentemente empossado como presidente-executivo interino da entidade, assumindo-a com um grande desafio: capitaneá-la, ainda que temporariamente, frente a uma das piores crises da história do setor. O déficit da balança comercial da indústria química está em 32 bilhões e crescendo. Mas não só, de acordo com ele, a produtividade também caiu, cerca de 30% na indústria em geral: “No caso da química, indústria de produção intensiva que precisa operar em processo contínuo, o ideal seria que a ocupação das instalações ficasse acima de 85%, abaixo de 80% passa a ser um nível crítico e preocupante, pois, além da menor viabilidade econômica, também demanda mais paradas para manutenção, elevando os custos unitários de produção e não estimulando a realização de novos investimentos para aumentar a capacidade”, reforça e inclui a defesa comercial brasileira como uma das estratégias para alavancar o setor: “Não como forma de impor barreiras para o comércio exterior, mas, sim, estabelecendo instrumentos técnicos corretos para enfrentar o dumping ground que tanto tem atingido o setor. Marino também revela que está prevista a injeção de cerca de US$ 1 bilhão de investimentos no segmento nos próximos três anos, conforme auferido junto aos associados da ABIQUIM. O executivo ainda vislumbra que está iminente uma grande reviravolta no setor industrial, impactando direta e positivamente no setor químico, com o “Novo Mercado de Gás, (...) que pode promover para a indústria química brasileira a revolução que o gás de xisto gerou na indústria química americana”, destaca. Os detalhes do cenário, comportamento e expectativas para a indústria química, você confere a seguir. Há quanto tempo o sr. atua no setor e quais foram as principais mudanças que vivenciou, de maneira abrangente (mercado/processos/administração/tecnologia)? Atuo na Indústria Química desde 1982, há 37 anos. Durante estes anos todos a indústria evoluiu expressivamente nas questões de Segurança do Trabalhador e na atenção ao Meio Ambiente, cuidando não somente de suas emissões e efluentes, o que é evidente, como também de todo o impacto socioeconômico de sua cadeia produtiva sobre as comunidades, de sua saúde, renda, emprego e sua qualificação, impostos, etc... . Aliás, a ABIQUIM promove no Brasil o Programa Atuação Responsável® e, ainda, fomenta o alto desempenho de suas associadas em sustentabilidade, que tem como seus principais pilares as questões sociais, econômicas e relativas ao meio ambiente. Logicamente, a tecnologia evoluiu fortemente nestas quase quatro décadas, com forte apelo para automação e evolução em processamento, segurança de processo e desenvolvimento de novos produtos. Muito deste enorme progresso, além do tradicional investimento pesado da indústria em pesquisa e desenvolvimento tradicionais, advém da evolução da capacidade e equipamentos da área de tecnologia da informação, incluindo alguma inteligência artificial já aplicada ao setor. A comunicação, o avanço expressivo de amplitude e velocidade na troca de conhecimento, as exigências do novo mercado, a necessidade de competitividade nos mercados internacionais, também tem sido forte propulsor do desenvolvimento técnico da indústria. No entanto, apesar de todos este movimentos positivos, o setor sofreu com a estagnação nesta última década, e seus volumes e rentabilidade foram fortemente afetados – as condições brasileiras impostas pelos regimes tributário e trabalhista, aliadas às condições de assimetria de custos nas matérias-primas em geral, gás natural e eletricidade em relação aos dos principais países do mundo pesaram fortemente sobre seus resultados, expectativas e, consequentemente, nos investimentos do setor – os fatores listados são todos externos e não controlados pela indústria, e acabaram fomentando a transferência de fábricas para o exterior, desindustrializando parte do setor e fomentando a importação – o déficit na balança comercial do setor está estimado em US$ 32 bilhões em 2019 e segue crescente por mais de uma década. Como o sr. avalia a indústria química da atualidade? A indústria química brasileira tem a mesma eficiência das indústrias do setor nos países desenvolvidos do portão para dentro. Ela investe na qualificação da mão de obra, em equipamentos, no desenvolvimento de processos mais sustentáveis, no desenvolvimento de produtos que permitem outros setores industriais criarem produtos de melhor qualidade e mais sustentáveis para atender aos padrões cada vez mais elevados dos consumidores finais. Por outro lado, a indústria química também é impactada pelo atual cenário econômico e por ser considerada a indústria das indústrias, a baixa demanda econômica que atinge os setores, à jusante, clientes da química também afeta indiretamente o setor. No acumulado de janeiro a agosto de 2019, sobre igual período do ano passado, a produção da indústria química caiu 4,32%, as vendas internas tiveram recuo de 1,96% e a taxa de utilização da capacidade instalada ficou em 70%, sete pontos abaixo da registrada em 2018. A alta do dólar tem impactado fortemente na balança comercial de produtos químicos, gerando um déficit de U$ 20 bilhões. Como a indústria química está se comportando diante desse cenário? Qual o cenário ideal para o setor? Em relação ao dólar a química pode sofrer consequências desse cenário, tanto pela elevação da pressão de custos dos insumos, diminuindo ainda mais a competitividade do setor, quanto pela pressão sobre a já deficitária balança comercial, ainda que a desvalorização do Real crie enormes oportunidades de elevação das exportações. A balança comercial de produtos químicos também é afetada pela guerra comercial entre Estados Unidos e China, que pode colocar a economia mundial em um cenário de estagnação e o Brasil ainda pode se tornar mercado alvo para a venda de produtos que chegam ao mercado nacional com preços inferiores aos praticados nos países de origem. No acumulado de janeiro a agosto de 2019, as importações brasileiras de produtos químicos somaram US$ 29,2 bilhões, elevação de 5,7% frente ao mesmo período de 2018. As exportações, por sua vez, alcançaram US$ 8,5 bilhões, redução de 3,7% na comparação com o valor registrado entre janeiro e agosto de 2018. O déficit na balança comercial de produtos químicos, até agosto, chegou a US$ 20,7 bilhões, considerável aumento de 10,2% em relação ao igual período do ano passado. A indústria química brasileira investe constantemente em eficiência e em produtividade. O setor também apoia a proposta de mais inserção comercial; sendo necessário que esse processo seja responsável e inteligente, isto é, concomitante à redução do custo Brasil, transparente, gradual, negociado, debatido publicamente com os setores, de forma a garantir segurança jurídica e sustentabilidade à competitividade e integração comercial brasileira e condicionado à rápida implementação de uma agenda de competitividade consistente, alicerçada nas reformas estruturantes nacionais, sobretudo da Previdência e a Tributária, e na superação das limitações relacionadas a logística, energia, burocracia, entre outras. Igualmente indispensável para o sucesso de todo esse processo de inserção internacional da economia brasileira, é o pleno e eficiente funcionamento do sistema brasileiro de defesa comercial, ferramenta fundamental para a entrega pelo Governo de um ambiente leal e isonômico de competição. O setor apoia os mecanismos de defesa comercial não como forma de impor barreiras para o comércio exterior, mas, sim, estabelecendo instrumentos técnicos corretos para enfrentar o dumping ground, que tanto têm atingido o setor e a economia. Quais foram as principais ações da associação para estabilizar o setor e diminuir os efeitos da crise econômica no país? O setor, por meio da ABIQUIM, tem dialogado com os governos federais e estaduais para apresentar a necessidade de uma abertura comercial responsável e concomitante à redução do custo Brasil. Essa é uma das principais demandas do setor para diminuir os efeitos da crise econômica no País, mas também é necessário destacar as ações positivas realizadas pelo governo, que poderá ser um marco para o crescimento do setor que é o Novo Mercado de Gás. Os pilares do programa – promoção da concorrência, harmonização das regulações estaduais e Federal, integração do setor de gás com setores elétrico e industrial e remoção de barreiras tributárias – devem gerar um mercado mais disputado e com transparência para os consumidores do Gás Natural. O programa cria um cenário que permitirá às empresas brasileiras reduzirem sua capacidade ociosa e ao mesmo tempo, o Brasil passará a ser mais atrativo para receber novos investimentos no setor químico, ao criar condições para o setor ter acesso a matéria-prima e energia a um preço competitivo com o praticado nos outros países. Os instrumentos desenvolvidos pelo programa irão gerar até 2023 um mercado mais competitivo na produção, transporte e distribuição do gás natural. O desenvolvimento de um mercado livre de gás com independência, a desverticalização do transporte, abertura do mercado e transparências nos valores cobrados pela molécula e pelo transporte são pleitos antigos de diversos segmentos industriais. O Brasil é rico em gás e será um dos cinco maiores produtores mundiais deste insumo que pode promover para a indústria química brasileira a revolução que o gás de xisto gerou na indústria química americana. Apesar de ainda não ser possível saber qual será o preço final do insumo no País, as condições foram criadas para que o consumidor industrial e doméstico tenha acesso ao gás com preços mais competitivos. E a indústria química poderá gerar riquezas e competir com os fabricantes internacionais com produtos de maior valor agregado, que usam o gás natural como matéria-prima, aumentando a arrecadação de impostos e empregos de qualidade no Brasil. Quais as projeções da ABIQUIM para o setor nos próximos 5 anos? A ABIQUIM não realiza projeções. Realizamos o levantamento com os associados sobre a previsão de investimentos no setor, que é de US$ 1 bilhão para os próximos três anos, de 2020 a 2022, esse valor equivale à manutenção das plantas industriais já instaladas no Brasil. Além do equilíbrio econômico, atualmente qual é o grande desafio da indústria química? Por quê? A elevada ociosidade que este ano está em 30%, sendo que no caso da química, indústria de produção intensiva que precisa operar em processo contínuo, o ideal seria que a ocupação das instalações ficasse acima de 85%, abaixo de 80% passa a ser um nível crítico e preocupante, pois, além da menor viabilidade econômica, também demanda mais paradas para manutenção, elevando os custos unitários de produção e não estimulando a realização de novos investimentos para aumentar a capacidade. Quais as principais inovações e tendências do setor? Recentemente, em 30 e 31 de outubro, a ABIQUIM promoveu no Auditório do Instituto Senai de Inovação em Biossintéticos (SENAI CETIQT), localizado no Parque Tecnológico da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), na capital fluminense, o Seminário ABIQUIM de Tecnologia e Inovação, que teve em sua programação quatro painéis com profissionais da indústria química, alimentos, bens e serviços, automotiva e de auto-peças. Os painéis foram: “A Química do CO2”, que abordou as tecnologias para limitar as emissões de gás carbônico, incluindo discussões sobre conversão, captura e armazenamento de CO2; “Mobilidade e Eficiência Energética: Oportunidades e Desafios”, que apresentou como o setor químico pode contribuir para aumentar a eficiência energética no transporte de carga; “Intensificação de Processos”, que abordou como unidades de pequena escala e menor custo de produção podem reduzir os riscos financeiros e os impactos ambientais dos projetos; e “Economia Circular: Desafios e Oportunidades para o Setor Químico”, que debateu modelos de processo produtivo sustentável, no qual o resíduo tem valor e pode ser transformado em novos produtos. Qual é a área de maior potencial da indústria química hoje, por quê? Diversos setores industriais passam por mudanças profundas, motivadas por mudanças nos hábitos dos consumidores, a busca por maior sustentabilidade e mais eficiência geram oportunidades para a indústria química em segmentos como: tratamento de água e saneamento básico, onde a química pode estar presente em produtos e nas tecnologias para o tratamento de água e esgoto; nas embalagens plásticas, a química é essencial na produção de embalagens mais leves, resistentes e seguras no manuseio; no segmento de mobilidade, a química fornece produtos para deixar os veículos mais leves e eficientes; nas edificações ela é fundamental para a construção de edifícios sustentáveis; na agricultura ela está presente no desenvolvimento de sementes mais resistentes e adaptáveis, fertilizantes mais eficientes e produtos que reduzem a necessidade de água na agricultura; na saúde, a química é usada no desenvolvimento e fornecimento de materiais que reduzem os riscos de contaminação; além de próteses mais leves e resistentes e medicamentos mais eficientes; nos cosméticos e higiene pessoal, a química pode usar a biodiversidade brasileira na produção de ingredientes. A indústria química fornece matéria–prima para muitos outros setores, como o de tratamento de superfície, por exemplo, impactando neles diretamente. Como ambos podem trabalhar conjuntamente contribuindo para melhorar a economia no geral? Os setores industriais que geram empregos, riquezas e arrecadação de impostos devem pleitear a importância da aprovação das reformas estruturantes, principalmente a Previdenciária e a Tributária, para que possamos ter um ambiente mais competitivo no Brasil. Também é necessário modernizar a estrutura logística do País, que é uma pauta em comum de todos os segmentos industriais com potencial para reduzir o “Custo Brasil”. Outro fator que os setores precisam trabalhar de forma unida é o funcionamento eficiente do sistema brasileiro de defesa comercial, ferramenta fundamental para que o País tenha um ambiente leal e isonômico de competição. Quais são a inovações mais recentes na indústria química? Como o uso da indústria 4.0, da conectividade e da inteligência artificial têm sido absorvidos pelo setor? O modelo de negócios do setor químico está em meio a uma revolução provocada pela implantação do conceito de Indústria 4.0 e passa por transformações com o desenvolvimento de tecnologias digitais, como robótica avançada, Internet das Coisas, inteligência artificial e big data. A indústria química brasileira está implementando a tecnologia e pode sair dessa revolução melhor preparada para competir com players globais nas cadeias de valor. Com base no conceito de Indústria 4.0, a estrutura de Química 4.0 traz inovações em importantes vetores do setor químico, como automotivo, construção e indústria de embalagens, que deverão acontecer gradualmente. Do ponto de vista produtivo, como a indústria química brasileira se compara a outros polos mundiais do setor? Como já disse, da porta para dentro somos tão competitivos como as principais indústrias mundiais. Perdemos competitividade devido ao elevado custo de matéria-prima e energia, além da estrutura logística. O setor químico é entre os segmentos industriais o maior consumidor de gás natural no Brasil e o preço do gás natural no País é três vezes mais caro que o praticado nos Estados Unidos, sendo que em alguns segmentos da química o gás natural é usado como matéria-prima e energia e representa 80% dos custos de produção da empresa. A energia elétrica é um insumo estratégico para a indústria química, sua participação nos custos de produção pode variar de 20% até 50%. A tarifa média de energia no Brasil está entre a quinta e a sexta posições entre as maiores do mundo. Nos Estados Unidos, o preço da energia (com impostos) é da ordem de US$ 69/MWh; no México, US$ 82/MWh; e no Canadá, US$ 78/MWh. No Brasil, a tarifa é de US$ 124/MWh (sem impostos), ou cerca de US$ 164/MWh (com impostos). Essa diferença no custo derruba a competitividade do setor. No caso da estrutura logística temos elevados custos de transporte devido a concentração de uma matriz focada na malha rodoviária, que ainda por cima, não é de boa qualidade. Os custos logísticos de competidores, sejam países desenvolvidos ou em desenvolvimento, são menores. No caso do setor químico, os custos logísticos somam 7% do faturamento. Na Europa, por exemplo, o custo da logística da indústria química está entre 3,4% e 4% do faturamento, de acordo com o estudo “Chemical Logistics Vision 2020”, realizado pela Deloitte com o European Chemical Industry Council (Cefic). Lidar com a preservação do meio ambiente é ponto de atenção constante do setor. Quais últimas novidades nesse aspecto? Qual é a ‘pedra de roseta’ da indústria química hoje em relação ao meio ambiente? Sim, a preocupação do setor com o meio ambiente vem desde 1992 quando a ABIQUIM lançou o Programa Atuação Responsável®, baseado no programa Responsible Care®, implantado em 1984 pela Canadian Chemical Producers Association (CCPA), que visa a melhoria contínua do desempenho da indústria química nas áreas de segurança, saúde e meio ambiente, além de estabelecer a comunicação com a comunidade do entorno das fábricas e outras partes interessadas. Em 2018, o setor reaproveitou 73% dos resíduos perigosos gerados, maior percentual desde 2006, início da série histórica de indicadores levantados pela ABIQUIM. O foco no reaproveitamento energético que esses resíduos oferecem gerou uma grande evolução neste indicador nos últimos três anos e uma consequência positiva é que a disposição em aterros é cada vez menos utilizada. No resultado acumulado de 2006 a 2018, a indústria química tem resultados positivos no volume de água captada por tonelada produzida, que diminuiu 34%; no volume de resíduos gerados, com redução de 21%; e no consumo de energia, que foi 11% menor. Com o Atuação Responsável®, a indústria química passou a ter ações para aumentar a segurança dentro das plantas e em seu entorno. Mas também era preciso aumentar a segurança na operação logística oferecida por terceiros que podem armazenar, manusear e transportar matérias-primas, intermediários e produtos químicos industrializados, quando contratados sem a devida qualificação se tornam pontos vulneráveis para a indústria química. O setor químico precisa se assegurar de que essas operações sejam conduzidas de maneira segura, com qualidade e respeitando-se as legislações específicas, preservando a segurança dos colaboradores, do público e do meio ambiente, uma vez que acidentes no transporte, principalmente envolvendo produtos perigosos, trazem consequências relevantes para a população e região atingida. Com esse objetivo, em 2001 foi introduzido o SASSMAQ – Sistema de Avaliação de Segurança, Saúde, Meio Ambiente e Qualidade, que de qualifica os transportadores e seus motoristas para evitar acidentes e foi baseado no modelo elaborado pelo The European Chemical Industry Council (CEFIC). No momento, um dos grandes desafios do setor é a Economia Circular. A ABIQUIM tem participado de inúmeros fóruns de debates e apoiado iniciativas sobre o tema, sendo que em dezembro de 2018 lançamos o Compromisso Voluntário da Industria Química a favor da Economia Circular dos Plásticos. E como citei anteriormente, no Seminário de Tecnologia e Inovação da ABIQUIM, realizamos o painel “Economia Circular: Desafios e Oportunidades para o Setor Químico”. Qual sua visão geral para a economia brasileira, diante da possibilidade da aprovação de diversas reformas em discussão no Congresso Nacional e seu impacto para a indústria local? As reformas Tributária e da Previdência são essenciais para melhorar o cenário econômico brasileiro. A ABIQUIM é uma das signatárias a favor da PEC da Reforma da Previdência, que foi entregue em maio ao Ministério da Economia, pois ela terá impacto na redução do déficit público, o que pode contribuir para a redução da taxa de juros no Brasil. Em relação à Reforma Tributária, no atual cenário o governo não pode reduzir sua arrecadação, mas uma simplificação da estrutura tributária que atualmente é cara e confusa, pois permite interpretações diferentes quanto às hipóteses de incidência e cobrança de valores indevidos, já reduziria os custos operacionais e tempo despendido pelas empresas para o recolhimento de tributos. Segundo o relatório Doing Business, do Banco Mundial, o Brasil ocupa a 125ª posição em um ranking com 190 países que avalia a facilidade para se fazer negócios. O indicador em que o País é pior avaliado mede o pagamento de impostos: 184ª posição. Boa parte dessa má reputação reflete o tempo gasto para o cumprimento das obrigações tributárias: 1.958 horas – ante 160,7 na média dos países da Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE). Acrescente o que julgar conveniente. As recentes conclusões de negociações de livre comércio com os dois blocos econômicos europeus, União Europeia e Associação Europeia de Livre Comércio (sigla EFTA, em inglês), mostram o compromisso do Governo em promover uma inserção internacional responsável e dialogada com o setor privado e em viabilizar um ambiente de negócios favorável, com textos disciplinadores modernos, eficientes e alavancadores de fluxos de comércio e de investimentos seguros e leais. Mas é fundamental a rápida implementação de uma agenda de competitividade consistente, alicerçada nas reformas estruturantes nacionais, sobretudo da Previdência e a Tributária, e na superação das limitações relacionadas a logística, energia, burocracia, entre outras, para o pleno uso das potencialidades de comércio e de investimentos desses novos acordos ENTREVISTA NA revista TRATAMENTO DE SUPERFÍCIE 217 Na edição de número 217 da Revista Tratamento de Superfície publicamos esta entrevista, que em nossas páginas impressas, foi adaptada por conta do limite de páginas previsto para a seção. Assim, fizemos questão de publicá-la integralmente aqui no site para que você, leitor, tenha acesso ao conhecimento de um expert na indústria química que faz um retrato fiel do setor na atualidade. Aproveite! (Redação)Acesse o conteúdo original publicado na revista Tratamento de Superfície, edição 217, página 7-9