Cuidar das finanças de sua empresa deve ser prioridade para evitar falta de recursos num futuro próximo
Autor:
Da Redação
A situação não está fácil para ninguém, e principalmente, para as empresas que precisam sustentar sua folha de pagamento, rever contratos, analisar contas, etc, etc... Então, primeiro de tudo, é preciso parar, respirar fundo, analisar e tomar as decisões com o pé chão. A palavra de ordem deve ser proteger o caixa. Qualquer atitude errada pode ter um custo muito alto num futuro que talvez não esteja tão distante assim.
Para tentar aliviar o sufoco das pequenas e médias empresas, o governo começa a liberar linha de crédito - estimada em R$ 40 bilhões – através do Programa Emergencial de Suporte a Empregos (PESE). A maior parte do recurso, ou seja, R$ 34 bilhões, virá do Tesouro Nacional via BNDES e o restante será aportado pelos próprios bancos privados. O objetivo do governo é beneficiar empresas com receita bruta anual de R$ 360 mil a R$ 10 milhões e atingir em torno 1,4 milhão de firmas. Vale lembrar que o empréstimo é destinado somente à folha de pagamento dos funcionários, outras despesas não estão inclusas.
Atenção dos empreendedores
É preciso ter cautela e pensar muito antes de tomar qualquer atitude. Antes de solicitar a linha de crédito, refaça todas suas contas fixas (aluguel, folha de pagamento, conta de luz, telefone, etc.) e variáveis para verificar a real necessidade deste empréstimo. “Crédito é como uma bola de neve, a cada dia a conta vai aumentando. Se não souber analisar e colocar na ponta do lápis, num futuro muito próximo, pode virar um rombo e uma baita dor de cabeça. O empréstimo pode ‘tirar’ as empresas do sufoco imediato, mas se não tiverem condições de pagar as parcelas de empréstimo, a situação poderá se deteriorar”, ressalta o executivo de finanças da Innovativa Executivos Associados, Roberto Lobos.
É aquela velha história...”Se correr o bicho pega, se ficar o bicho come”. É preciso calcular o quanto a empresa precisará vender e/ou produzir a mais para pagar esta dívida.
Hoje, a palavra que está mais em evidência se chama negociar, negociar e negociar. “Renegocie dívidas antes que elas apareçam. Ligue nas prestadoras de serviços, como concessionárias de luz, água, telefone, internet e outras para reduzir seus custos. Corte ao máximo os custos, para preservar o caixa da companhia”, comenta Lobos.
Pós-Covid 19 – Reinvenção
Além da parte financeira, as empresas precisam pensar em como se reinventar para pós- Covid-19.
1- O mercado de e-commerce está conseguindo dar uma sobrevida a alguns segmentos de negócio. Pesquise como seu negócio pode se encaixar neste sistema, observe a concorrência e outros setores da economia. Existem várias plataformas prontas. Podem ser necessárias algumas adaptações aos processos de venda da empresa, mas será um novo canal de vendas a ser desenvolvido.
2- Manter o cliente é o maior desafio. Estenda sua mão para auxiliá-lo e fortaleça a reputação da imagem de sua empresa e de seus produtos. Entenda o momento de cada cliente. Muitas cadeias produtivas estão paralisadas pelo momento atual. Identifique alternativas que possam ser exploradas para manter o seu negócio ativo. Considere ajustar os produtos e serviços se perceber a oportunidade de incremento ou manutenção do negócio.
3- Rentabilidade. Margem é importante, mas liquidez num momento como este é fundamental. Priorize geração de caixa à rentabilidade.
4- Manter seu valor de mercado. É nesta hora que o valor do produto e/ou serviço de um negócio é testado. Alguns segmentos terão que esperar, outros acelerar ou se modificar para se adaptar a esta nova realidade. Como exemplo, imagine o setor de entretenimento, de cinemas, hotéis e
resorts. Numa situação desta, que equivale a uma situação de guerra, todos os segmentos da economia precisam rever minuciosamente como lidar com o contexto. É importante medir o nível de ‘oxigênio’ que será necessário para chegar até o final, se adaptar na medida do possível para garantir a sobrevivência e seu valor de mercado.
5- Boa gestão financeira de uma empresa (pequena e média empresa) engloba. A boa gestão financeira numa situação de crise aguda, onde o faturamento desaparece ou diminui drasticamente, envolve prioritariamente a preservação do caixa. Para cada caso, levantar todos os direitos, ou seja, os recebimentos e analisar os riscos de não entrarem no caixa efetivamente. Por outro lado, as obrigações devem ser negociadas de forma a não inviabilizarem a sobrevivência da empresa. Prioridades devem ser analisadas.
Simulações ajudam a identificar qual estratégia pode ser mais eficaz. Rever e questionar todos os itens de despesas e créditos antigos não recebidos. A partir destes cenários, é possível elaborar uma estratégia para priorizar o que vai viabilizar a continuidade do negócio. Simulações de estresse de caixa também ajudam a antecipar eventuais problemas que deverão surgir pelo caminho. O que vale aqui é o conhecimento do negócio, sua dinâmica, os pontos que podem paralisá-lo ou fazer perder capacidade de se manter ativo.
6- Erros mais comuns cometidos pelos empresários. O grande erro, pode-se dizer que com raras exceções, é não preservar o caixa. Existe uma velha máxima que diz: “Prejuízo não mata uma empresa, falta de caixa, sim”. Portanto atenção especial como lidar com o capital de giro. Avalie minuciosamente a carteira de recebimentos, considere oferecer descontos para antecipar recebimento (melhor do que correr atrás dos valores atrasados). Questione imobilização de capital sobre estoques diretos e indiretos. Analise as despesas operacionais e não operacionais. Negocie melhores prazos e até parcelamento com os fornecedores. Verifique quais contas a pagar são prioridade para o momento atual. E lembre-se, estamos vivendo uma realidade inusitada, com pouco domínio de como interagir com o mercado nos moldes tradicionais, e sem garantia de que as adaptações e inovações serão bem-sucedidas.